A inteligência artificial continua sendo um dos principais motores de otimismo nos mercados globais. Segundo o especialista em análise macro Fabio Fares, o setor tem atraído bilhões de dólares em aportes, mesmo diante de tensões geopolíticas, como as disputas entre Estados Unidos e China. O movimento é visto como mais um ciclo de transformação tecnológica capaz de redefinir padrões de consumo e negócios.
O entusiasmo vem acompanhado de cautela. “Em momentos de inovação disruptiva, grandes volumes de capital são direcionados para projetos variados, dos quais apenas alguns se consolidam“, destacou Fares. Nesse sentido, o mercado filtra os investimentos, eliminando o que é ineficiente e premiando as soluções que de fato entregam valor e eficiência. “O dinheiro sempre busca os lugares mais eficientes”, afirmou.
O que sustenta a confiança na inteligência artificial?
De acordo com Fares, o padrão observado nas últimas décadas se repete, quando uma nova tecnologia surge, há uma enxurrada de capital, nem sempre acompanhada de resultados imediatos. Exemplos como o metaverso, que consumiu bilhões em investimentos sem se consolidar, mostram como algumas apostas podem perder relevância. Por outro lado, setores como semicondutores e computação em nuvem provaram sua força, sustentando a expansão do mercado de tecnologia.
Para o especialista, a inteligência artificial caminha pela mesma trilha. O setor já concentra esforços de empresas como Nvidia, que domina o fornecimento de chips avançados, e de companhias chinesas como a Alibaba, que recentemente anunciou aportes bilionários para competir globalmente. “Alguns projetos vão dissipar, mas os que permanecerem terão capacidade de multiplicar o valor investido”, avaliou.
Inteligência Artificial pode ser comparada à outros cilcos?
Um dos erros mais comuns dos investidores, segundo Fares, é olhar para crises antigas como a de 1929 e tentar traçar paralelos diretos com o presente. O mundo atual, marcado pela digitalização e pela mobilidade, é radicalmente diferente. “Hoje você tem um aparelho na mão que resolve sua vida para um milhão de coisas. Aceita, estuda, investe em boas empresas e segue a vida”, disse.
Ele lembrou ainda que, desde 2009, o índice S&P 500 multiplicou por dez, passando de 666 pontos para mais de 6.600, sustentado pelo avanço da tecnologia. O lançamento do iPhone, a popularização da Apple Store, a ascensão das criptomoedas e, mais recentemente, a inteligência artificial são marcos desse processo contínuo de reinvenção.
O papel dos ciclos de inovação
Fares destacou que a história recente mostra como os ciclos de inovação reorientam o capital global. No caso das criptomoedas, muitos ativos digitais perderam valor rapidamente, mas a tecnologia por trás deles continua evoluindo, com moedas como Bitcoin e Ethereum mantendo relevância. O mesmo ocorre com a inteligência artificial: alguns projetos não terão futuro, mas a base tecnológica deve se firmar como pilar de crescimento econômico.
Nesse processo, os investidores precisam diferenciar modismos passageiros de tendências estruturais. “Não houve crash com o metaverso, não houve crash com as figurinhas digitais, e não vai haver crash agora. O mercado se ajusta, o capital se redistribui e segue crescendo”, explicou Fares.
Quais as implicações para investidores?
O especialista recomenda que o investidor olhe para empresas sólidas, com histórico de inovação e capacidade de adaptação, em vez de buscar ganhos rápidos em apostas incertas. A estratégia, segundo ele, deve se concentrar em diversificação e em companhias que comprovam eficiência tecnológica. “Inteligência artificial é uma das grandes apostas do presente, mas é preciso separar hype de valor real”, concluiu.
Com base nessa visão, a mensagem central é clara: a inteligência artificial representa um novo capítulo de um processo de transformação contínua, em que o capital se ajusta e as inovações vencedoras impulsionam tanto empresas quanto mercados.