O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de setembro, considerado a prévia da inflação oficial, deve registrar alta de 0,57%, segundo projeção do Banco Daycoval. O dado será divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira (25). O resultado interrompe a sequência de leituras mais benignas e reflete, principalmente, o fim dos descontos nas contas de energia elétrica concedidos pelo bônus de Itaipu. Apesar da pressão pontual, a estimativa para o fechamento de 2025 permanece em 4,9%, dentro do intervalo da meta de inflação.
O cenário reforça a expectativa de manutenção da taxa Selic em 15% até o final do ano. Mesmo com algum arrefecimento recente, os serviços subjacentes seguem em patamar elevado, mantendo a inflação resistente no segmento mais sensível à política monetária.
Quais grupos mais influenciaram a prévia da inflação?
Entre os grupos que compõem o IPCA-15, o destaque de alta é Habitação, que deve avançar 3,02% em setembro, após queda no mês anterior. Esse movimento é quase integralmente explicado pela energia elétrica residencial, com projeção de elevação de 10,5%. Já os combustíveis, que vinham pressionando os preços, registraram alívio: a gasolina deve recuar 0,50% no mês.
O setor de Vestuário também apresenta aceleração, com alta estimada em 0,81%, refletindo mudanças sazonais. No lado dos serviços, a passagem aérea deve voltar a subir 2,5% após queda em agosto, enquanto os serviços intensivos em trabalho e alimentação fora do domicílio seguem pressionados, com variações de 0,55% e 0,48%, respectivamente.
Em contrapartida, a alimentação no domicílio deve continuar em deflação (-0,38%), influenciada pela queda em itens básicos como arroz, feijão, ovos, aves, pescados, frutas e hortaliças. Esse movimento ajuda a compensar parcialmente os choques em energia e serviços.
Inflação livre versus administrada
Os preços livres, que respondem por 74,1% do índice, devem subir 0,18% em setembro, enquanto os administrados, mais sujeitos a interferências regulatórias e sazonais, devem acelerar 1,70%. Essa diferença explica a concentração da pressão inflacionária em itens como energia elétrica, cuja alta é considerada temporária.
Perspectivas para a política monetária
Apesar da aceleração do IPCA-15 em setembro, a projeção para a inflação de 2025 segue em 4,9%. Segundo o relatório, a avaliação é de que o choque da energia elétrica deve perder força nos próximos meses. No entanto, a rigidez dos serviços subjacentes continua sendo o maior desafio para o Banco Central, que deve manter a Selic em patamar elevado para evitar repasses mais persistentes.
O comportamento benigno dos bens industriais e a deflação de alimentos no domicílio contribuem para evitar um quadro mais adverso. Ainda assim, a difusão da inflação segue alta, com 55,7% dos itens em elevação, e o núcleo de serviços em 7,05% ao ano, acima do centro da meta. Esse quadro reforça que a desinflação deve ocorrer de forma lenta, condicionando a política monetária a um viés conservador até 2026.
O que esperar para os próximos meses?
Para os analistas do Daycoval, o IPCA-15 de setembro mostra uma pressão localizada em energia elétrica e alguns serviços, mas não altera substancialmente a trajetória de convergência da inflação. A atenção do mercado segue voltada ao comportamento da inflação de serviços, em especial aqueles intensivos em mão de obra, que tendem a responder com mais defasagem à política de juros.
Com a economia ainda operando acima do potencial e o mercado de trabalho aquecido, a manutenção da Selic em 15% é vista como necessária para garantir que os choques não se transformem em pressões inflacionárias permanentes.
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