Um estudo inédito da MIT Technology Review Brasil mostrou que a adoção da Inteligência Artificial Generativa (GenAI) no país está em crescimento, mas ainda enfrenta barreiras estruturais. O levantamento revela que o foco principal das empresas está em ganhos de eficiência e produtividade, ao mesmo tempo em que os orçamentos destinados à tecnologia permanecem limitados.
Segundo os dados, 79% das empresas que utilizam GenAI buscam aumento de produtividade como objetivo estratégico. Outros fatores relevantes são a inovação em produtos e serviços (55%) e a redução de custos operacionais (48%). A aplicação inicial da tecnologia, portanto, está concentrada em otimização de processos, com espaço para expansão em inovação e relacionamento com clientes.
GenAI: orçamento ainda é limitado
A pesquisa indica que apenas 17,7% das empresas afirmam estar plenamente preparadas em termos de orçamento para a GenAI. Outros 30,5% dizem concordar parcialmente que possuem recursos destinados à tecnologia. Na prática, mais de um terço ainda não possui definição clara de investimentos, o que reforça a disparidade na alocação financeira para iniciativas de inteligência artificial.
De acordo com Bruno Horta, gerente sênior de Ciência de Dados e Inteligência Artificial da Peers Consulting + Technology, essa fragmentação mostra que “embora haja uma movimentação em direção à priorização de investimentos, a alocação orçamentária permanece desigual e insuficiente em muitos casos”.
Principais obstáculos para a adoção da GenAI
Além da questão orçamentária, a pesquisa identificou um conjunto de obstáculos enfrentados pelas empresas no processo de implementação da GenAI:
- Falta de dados de qualidade
- Custos de infraestrutura computacional
- Resistência cultural
- Integração com sistemas legados
- Dúvidas regulatórias e privacidade
- Carência de talentos especializados
- Riscos de segurança cibernética
- Dados não prontos para IA
Onde as empresas aplicam a GenAI?
As áreas prioritárias de aplicação da GenAI no Brasil refletem a busca por eficiência em atividades estratégicas. Entre os setores mais citados estão:
- TI: 57%
- Atendimento ao Cliente: 52%
- Operações: 50%
- Marketing & Vendas: 47%
Enquanto isso, funções de suporte como RH, jurídico e finanças aparecem em segundo plano, com baixa presença nos projetos de adoção.
Quais são os perfis de adoção identificados?
A análise da pesquisa agrupou as empresas em três grandes clusters, com características distintas de aplicação, benefícios e maturidade organizacional:
Cluster | Benefícios Prioritários | Áreas de Aplicação | Presença em Suporte |
---|---|---|---|
Cluster 1 – Corporativo (Abrangência e institucionalização) | Produtividade (90%) Redução de custos (63%) Inovação (43%) Experiência do cliente (41%) | Backoffice (84%) TI (79%) Marketing & Vendas (78%) Atendimento (75%) | Jurídico (77%) RH (73%) Finanças (69%) |
Cluster 2 – Inovador (Novos produtos e diferenciação) | Inovação (72%) Produtividade (73%) Menor impacto: Receita (20%), Experiência do cliente (19%) | TI (51%) Operações (57%) P&D (44%) | RH, Jurídico e Finanças (15%–19%) |
Cluster 3 – Relacional e Experiencial (Proximidade com clientes e receita) | Experiência do cliente (65%) Receita (36%) Produtividade (82%) | Atendimento ao Cliente (86%) Marketing & Vendas (70%) TI (55%) | RH (8%) Finanças (7%) Jurídico (12%) |
GenAI em transformação no Brasil
A pesquisa “IA Generativa no Brasil: o que diferencia a experimentação de transformação” ouviu 322 empresas de setores como varejo, indústria, serviços financeiros, educação e energia. O estudo mostra que, apesar de o foco inicial estar na produtividade, o futuro da GenAI no país passa por um equilíbrio entre inovação, eficiência e experiência do cliente.
Enquanto as empresas enfrentam obstáculos técnicos, culturais e regulatórios, a consolidação de estratégias e mecanismos de governança será determinante para transformar a tecnologia em valor real no mercado brasileiro.