Em entrevista exclusiva à BM&C News, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) comentou os desdobramentos da chamada PEC da Blindagem e os impactos políticos que a proposta pode ter no atual cenário. O parlamentar afirmou que a anistia, antes considerada inviável, já avançou no Congresso, e que cada vitória representa um novo passo dentro de um ambiente marcado por forças contrárias.
Nikolas destacou que, ao contrário do governo, não conta com o aparato estatal, emendas ou apoio do Supremo Tribunal Federal (STF) para mobilizar votos. Segundo ele, o movimento de sua base se apoia no apoio popular e na pressão da sociedade para reverter o que considera uma perseguição jurídica e política contra conservadores.
Qual é a defesa da PEC da Blindagem, segundo Nikolas Ferreira?
Ao ser questionado sobre sua posição favorável à PEC da Blindagem, o deputado disse que não a colocaria em pauta em um país plenamente democrático, mas argumentou que, no cenário atual, considera necessário “nivelar o jogo” entre os poderes. Ele fez críticas ao STF e à falta de punições efetivas a corruptos condenados.
- Nikolas afirma que a PEC é necessária para impedir perseguições políticas contra parlamentares.
- Segundo ele, outros países já possuem medidas semelhantes de proteção a deputados.
- O parlamentar criticou a ausência de prisões por corrupção no Brasil, afirmando que “nenhum corrupto está preso hoje”.
- Ele defendeu que qualquer tentativa de prisão por atentado ao Estado Democrático de Direito deveria passar pela Câmara.
“A proposta não elimina punições em casos graves, mas garante que parlamentares não sejam alvo de decisões arbitrárias“, destaca o deputado. Nesse sentido, ele defende que crimes como assassinato ou racismo continuariam a ensejar perda de mandato e punições cabíveis.
Além da PEC da Blindagem: como Nikolas Ferreira avalia o cenário político?
O parlamentar ressaltou que a atuação de sua base é limitada diante das “forças contrárias” do Estado, mas que o foco continua sendo a aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita. “A estratégia é avançar em etapas, garantindo vitórias parciais, mesmo em meio às dificuldades“, explica. Além disso, criticou a adoção do termo “dosimetria” no debate político, afirmando que se trata de uma pauta construída por quem não teria legitimidade para discuti-la.
Nikolas também citou a importância de mobilizar a sociedade e a pressão popular como fatores centrais nesse processo. “O nosso trabalho está sendo envolver o povo e pedir a Deus para que os corações dos deputados sejam tocados”, disse. O discurso reforça a ideia de que a base conservadora depende mais de articulação popular do que de negociações políticas tradicionais.
Decisões monocráticas e críticas ao STF
O deputado utilizou ainda dados sobre decisões monocráticas do ministro Alexandre de Moraes para embasar suas críticas. Segundo ele, em 2023 foram mais de 7.600 decisões individuais, o que, em sua visão, demonstra perseguição ao Legislativo. Essa leitura, para o deputado, se conecta ao argumento de que a PEC da Blindagem seria um mecanismo para proteger parlamentares diante de um ambiente de insegurança jurídica.
- Em 2023, Alexandre de Moraes teria tomado 7.680 decisões monocráticas.
- Nikolas alega que tais decisões mostram um desequilíbrio entre os poderes.
- Para ele, a PEC busca garantir previsibilidade e evitar abusos.
A fala de Nikolas Ferreira reflete o momento de tensão entre Legislativo e Judiciário e os embates em torno da PEC da Blindagem. Para o parlamentar, a medida é necessária diante de um ambiente em que, segundo ele, não há imparcialidade nas instituições. Ao mesmo tempo, o deputado admite que não se trata de uma solução ideal em condições democráticas plenas, mas de uma resposta às circunstâncias atuais. A entrevista evidencia como o tema da PEC segue polarizando opiniões e mobilizando atores políticos, sendo um dos principais pontos de debate no Congresso.