O dia é marcado por expectativa nas duas principais economias das Américas. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve anunciar, às 15h, o primeiro corte de juros em muitos meses, reduzindo a taxa em 0,25 p.p., para o intervalo entre 4% e 4,25%. Aqui Brasil, o mercado está de olho na decisão do Copom será conhecida no fim da tarde, com manutenção da Selic em 15% já precificada pelos agentes. Com a expectativa desses anúncios, o Ibovespa, pela primeira vez na história tocou os 145 mil pontos, refletindo euforia dos investidores.
No caso americano, a aposta é consenso, os futuros de Fed Funds apontam praticamente 100% de probabilidade para o corte. O gatilho foi o mercado de trabalho mais fraco, confirmado pelo último payroll revisado para baixo. A inflação segue acima da meta de 2%, mas em trajetória consistente, enquanto pressões políticas aumentam. Donald Trump voltou a pedir “grande corte”, e Stephen Miran estreia no FOMC com perfil mais dovish.
O que esperar do Powell e o que esperar da Selic
O discurso de Jerome Powell, previsto para 15h30, será acompanhado de perto. Caso o comunicado sinalize três cortes de juros ainda em 2025, os mercados podem acelerar a euforia e reforçar o rali de ativos de risco. Se, por outro lado, o presidente do Fed evitar compromissos adicionais, parte do entusiasmo pode se desfazer.
No cenário doméstico, a expectativa é de que o Banco Central mantenha a Selic em 15%. A inflação de serviços segue pressionada, as expectativas ainda estão desancoradas e o mercado de trabalho continua aquecido, com desemprego em 5,6%. A estratégia da autoridade monetária é preservar credibilidade, evitando cortes prematuros. O mercado já projeta os primeiros ajustes apenas em 2026.
A Focus mostra sinais de reancoragem, mas ainda insuficientes. O câmbio se beneficia da queda global do dólar com o Fed mais dovish, mas o alívio não altera o quadro estrutural da economia brasileira.
Ibovespa renova recorde
O Ibovespa encerrou o pregão em novo recorde, aos 144.061 pontos, com giro de R$ 21 bilhões e máxima intraday de 144.584 pontos. O movimento foi impulsionado por fluxo estrangeiro positivo e desempenho de varejistas e frigoríficos. Renner subiu 4,2%, C&A avançou 3,6%, Marfrig saltou 5,6% e BRF ganhou 5,3% após notícias de exportação de carnes para o México e expectativa de fusão no setor.
Entre os bancos, os resultados foram mistos: Banco do Brasil subiu 0,6%, Itaú caiu 0,3% e Bradesco ON ficou estável. O dólar seguiu em queda, em torno de R$ 5,30.
E nesta quarta-feira (17), o Ibovespa chegou pela primeira vez da história a marca de 145 mil pontos.
Destaques corporativos
- Vale (VALE3): S&P elevou rating de BBB- para BBB, com perspectiva estável. A agência destacou governança de riscos e balanço sólido.
- Allos (ALOS3): Cancelou 38,7 milhões de ações em tesouraria, 7,1% do capital social. Houve também saída de Luiz Alves Paes de Barros do conselho.
- JHSF (JHSF3): Anunciou veículo de investimento de R$ 4,6 bilhões voltado a projetos premium em empreendimentos como Cidade Jardim e Boa Vista.
- Copasa (CSMG3): Goldman Sachs atingiu participação de 5,04% via derivativos com liquidação física.
- Azevedo & Travassos Energia (AZTE3): Produção diária subiu para 258 boe/d em agosto, alta de 20,7% ante julho.
- Romi (ROMI3): Vai pagar JCP de R$ 0,18 por ação. Data de corte: 22/09/2025; pagamento em 10/04/2026.
- Vulcabras (VULC3): Pagará 3ª parcela de dividendos de R$ 0,125 por ação em 01/10/2025. Data com: 17/09/2025.
Além do Ibovespa: dados econômicos no radar
No Brasil, saem hoje o IPC-Fipe e o IGP-10, que devem mostrar impacto da alta dos alimentos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa de evento fiscal em Brasília, e a Câmara precisa votar a tarifa social de energia para evitar que a medida perca validade. Nos EUA, serão divulgados dados de construções iniciadas e estoques de petróleo.