O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (17), manter a taxa Selic em 15% ao ano. No comunicado divulgado após a reunião, a autoridade monetária destacou que a política seguirá em nível significativamente contracionista por um período prolongado, sem indicar qualquer possibilidade de início do ciclo de cortes.
Segundo o documento, o cenário internacional permanece “mais adverso e incerto”, com destaque para as condições econômicas nos Estados Unidos, que exigem maior vigilância. O Copom afirma que continuará monitorando de perto o ambiente externo e seus possíveis impactos sobre a economia brasileira.
Inflação ainda acima da meta
O Banco Central ressaltou que a inflação segue acima do limite da meta e que as expectativas de preços permanecem desancoradas. “A política monetária deve permanecer restritiva pelo tempo necessário para assegurar a convergência da inflação em direção às metas”, diz o comunicado.
Apesar da decisão, o Copom não forneceu sinais sobre quando poderá haver flexibilização. Para o Comitê, é preciso avaliar os efeitos acumulados da alta de juros já implementada e acompanhar a evolução dos indicadores de atividade econômica e inflação antes de tomar qualquer decisão futura.

O que dizem os analistas
Para Alexandre Espirito Santo, sócio e economista-chefe da Way Investimentos e professor de Economia e Finanças do IBMEC-RJ e ESPM, a leitura do comunicado reforça que o Banco Central segue cauteloso, mas já abre espaço para discutir cortes em 2026. “No comunicado pós-encontro, o Comitê elenca vários fatores que podem atrapalhar em seu objetivo de ancorar as expectativas e levar a inflação para dentro da meta, embora o boletim Focus venha apresentando projeções melhores há várias semanas. Sob essa ótica, acreditamos que o mais provável serão quedas na Selic ocorrendo a partir da primeira reunião de 2026, com a taxa caminhando para encerrar o ano em 12,5%, ao acompanhar o IPCA cedendo para 4,5%, o teto da meta.”
Já Antonio Patrus, diretor da Bossa Invest, avalia que a taxa em 15% garante estabilidade no combate à inflação, mas cobra um preço da economia real. “Ao permanecer em 15%, a Selic garante estabilidade no combate à inflação, ainda que o PIB continue em ritmo moderado até o fim do ano. No curto prazo, não há ruptura, mas o peso do crédito caro segue limitando a expansão de empresas tradicionais. Para o investidor, o recado é seletividade: em vez de perseguir liquidez imediata, priorizar negócios com capacidade real de transformar setores pressionados é o caminho para atravessar esse ciclo e capturar retornos consistentes.”
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, reforça que o corte deve vir apenas no próximo ano e de forma gradual. “Acho que o raciocínio por trás do Copom agora é esse, tem que baixar ainda mais a inflação, as expectativas no Focus desse ano, do próximo, para ficarem pelo menos no topo da meta e aí começarem o relaxamento monetário, que deve ser bem lento também, por toda a cautela que eles têm atuado. Pensando o que pode acontecer para frente, a gente ainda entende que o primeiro corte vai vir na primeira reunião do ano que vem, porque o Copom sabe, o mercado sabe e a mídia mostra que o governo tem pretensão de fazer estímulos econômicos para o ano que vem.”
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