O IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, caiu 0,53% em julho na comparação dessazonalizada com junho, segundo dados do Banco Central. O resultado veio pior que a mediana das projeções, que apontava contração de 0,30%, e marcou a terceira queda consecutiva na margem, após recuos de 1,17% em maio e 0,25% em junho.
A retração foi disseminada entre os principais setores. A indústria recuou 1,07%, a agropecuária teve queda de 0,81%, os serviços cederam 0,19% e os impostos sobre produtos encolheram 0,69%. O índice ex-agro também mostrou queda de 0,43%, reforçando a leitura de desaceleração mais ampla da atividade econômica.
Como está a comparação anual do IBC-Br?
Na comparação com julho do ano passado, o indicador ainda mostra crescimento de 1,15%. No entanto, os dados indicam uma trajetória de moderação, em maio, o avanço interanual havia sido de 3,6% e, em junho, de 1,3%. Esse movimento sugere que, mesmo no horizonte de 12 meses, a economia brasileira perde ritmo.
De acordo com analistas, a perda de fôlego reflete tanto a acomodação do setor agropecuário, após a supersafra que impulsionou os resultados anteriores, quanto a menor contribuição dos serviços, que até então vinham sustentando a atividade. A indústria, por sua vez, já vinha mostrando sinais de contrações recorrentes.
Impactos esperados para o PIB do 3º trimestre
Segundo Leonardo Costa, economista do ASA, o conjunto dos dados reforça a perspectiva de que o PIB do terceiro trimestre deve mostrar desempenho mais fraco. “A agropecuária tende a devolver parte dos ganhos expressivos observados no início do ano, a indústria continua operando em terreno negativo e os serviços, que foram o motor da recuperação, dão sinais de perda de tração”, afirmou.
Além disso, Costa avalia que o cenário é consistente com os efeitos defasados da política monetária restritiva sobre crédito e consumo, o que deve limitar o crescimento no curto prazo. “A expectativa é de um trimestre de acomodação, com menor dinamismo em todas as aberturas relevantes”, completou.
Próximos passos da política monetária
O resultado do IBC-Br foi divulgado na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá sobre a taxa Selic. A expectativa do mercado é de manutenção dos juros em 15%, diante das preocupações com as projeções e expectativas de inflação ainda acima da meta. Para o Banco Central, a moderação da atividade já é visível, mas a inflação segue em processo lento de convergência, exigindo cautela nas próximas decisões.
Nesse contexto, os dados de julho reforçam o dilema da política monetária: a economia mostra sinais de enfraquecimento, mas a autoridade monetária ainda precisa manter a vigilância sobre o comportamento dos preços e as expectativas de inflação.