O setor de serviços cresceu 0,3% em julho, na série com ajuste sazonal, e avançou 2,8% na comparação anual, voltando a marcar o nível mais alto da série e ficando 18,5% acima do pré-pandemia. Além disso, o resultado veio amparado por revisões positivas, o que melhora o ponto de partida do terceiro trimestre. Nesse sentido, a fotografia do mês combina resiliência em segmentos ligados à renda e sinais de perda de fôlego em parte da cesta.
Segundo o economista Maykon Douglas, serviços “foi o que melhor se saiu em julho” ante outros grandes setores e é o único com carry-over positivo para o terceiro trimestre, crescendo 0,6%. Por outro lado, ele pondera que as altas estão menos disseminadas que a média histórica e que serviços às famílias ainda compensam só parte da queda de junho. Enquanto isso, Leonardo Costa, economista do ASA, destaca que o avanço veio “mais contido do que o esperado”, embora as revisões melhorem o arranque do trimestre, sua projeção é de PIB mais fraco no terceiro trimestre de 2025, em torno de +0,2% qoqsa.
Quais ramos puxaram do setor de serviços o mês?
O desempenho de julho refletiu três altas e duas quedas entre as grandes atividades. Além disso, a composição setorial ajuda a entender por que os serviços seguiram à frente, segmentos atrelados à renda do trabalho, ainda amparada por um mercado apertado, reagiram melhor do que cadeias mais sensíveis ao crédito.
- Informação e comunicação: +1,0% m/m (volta ao crescimento após −0,1%); destaque para TIC e serviços de TI.
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: +0,4% m/m (retoma após estabilidade).
- Serviços prestados às famílias: +0,3% m/m (recupera parte da perda de abril–junho).
- Transportes, auxiliares e correio: −0,6% m/m (devolve fração do +1,6% de junho).
- Outros serviços: −0,2% m/m (segunda queda seguida).
Por que os serviços resistem mais do que outros setores?
Na avaliação de Maykon Douglas, o mix de serviços é mais exposto à dinâmica de renda do que à de crédito; isso ajuda a explicar o melhor desempenho relativo em julho. “A leitura de “carry-over” positivo de +0,6% para o terceiro trimestre sugere que o setor inicia o período com alguma inércia favorável“, avalia. Por outro lado, a menor disseminação das altas indica bolsões de fraqueza relevantes, o que limita a velocidade do crescimento agregado.
Leonardo Costa observa que a taxa em 12 meses desacelerou, reforçando a ideia de um ritmo mais moderado à frente. “Mesmo com revisões que deixam a base mais elevada para o trimestre, o cenário central permanece de acomodação do ciclo, o ASA projeta o PIB do 3T25 em cerca de +0,2% qoqsa, com contribuição mais parcimoniosa dos serviços”, destaca.
O que acompanhar daqui para frente?
Por outro lado, a leitura prospectiva depende de três frentes, mercado de trabalho, custo do dinheiro e demanda externa. Enquanto isso, revisões futuras do IBGE e a evolução dos preços relativos (especialmente em TI, logística e serviços às famílias) tendem a calibrar a narrativa do trimestre. A seguir, os principais drivers monitorados pelos economistas ouvidos:
- Renda e emprego: sustentação do consumo de serviços de baixa a média renda.
- Condições financeiras: sensibilidade de subitens mais expostos a crédito e juros reais.
- Logística e transportes: normalização de cadeias e custo operacional.
- Serviços de TI e conteúdo digital: continuidade do ganho de produtividade e de receita.
- Serviços às famílias: recomposição após perdas no 2º tri e difusão das altas.