O Ibovespa encerrou a semana em queda de 0,17%, aos 142.397 pontos, depois de recuar 0,53% no pregão de sexta-feira (12). Apesar da correção, o índice se manteve próximo às máximas históricas, tendo alcançado 144 mil pontos no intraday, reflexo de um ambiente global mais favorável ao risco e de expectativas por cortes de juros.
Nesse sentido, investidores monitoraram a agenda macroeconômica local e internacional. Nos Estados Unidos, cresceu a especulação sobre um corte de 0,25 ponto percentual pelo Federal Reserve na chamada “super quarta”, enquanto no Brasil os dados do IPCA, que mostraram deflação puxada por alimentos, reforçaram apostas de início do ciclo de queda da Selic ainda neste ano.
Quais fatores explicam o comportamento da Bolsa?
Entre os pontos de maior impacto na semana, três fatores se destacaram. Primeiro, a expectativa por cortes nos juros americanos, com algumas casas de análise projetando até 0,50 ponto percentual, o que aumenta a liquidez global. Em segundo lugar, o cenário doméstico de inflação controlada fortaleceu a visão de que o Banco Central poderá flexibilizar a Selic em breve. Por fim, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe gerou cautela política, trazendo incertezas para o mercado.
- Estados Unidos: possibilidade de até três cortes de 0,25 em 2025.
- Brasil: expectativa de início da queda da Selic em dezembro ou janeiro.
- Política: julgamento de Bolsonaro levanta dúvidas sobre sucessão.
O que dizem os analistas sobre as perspectivas?
De acordo com Evérton Dias, da Legado Investimentos, o otimismo global foi determinante para a performance positiva da Bolsa, apesar da realização de lucros no fechamento da semana. “Ainda impactado pela queda nas taxas de juros americanas, vimos uma semana de grande otimismo no cenário global. Esse movimento traz liquidez ao mercado inteiro e, no Brasil, não é diferente”, destacou.
Além disso, Dias ressaltou que 57% das empresas que divulgaram balanços apresentaram resultados acima do esperado, o que reforça a confiança dos investidores. Segundo ele, mesmo com o rali que levou o Ibovespa ao recorde de 143 mil pontos, as ações brasileiras continuam descontadas, com múltiplo preço/lucro em torno de nove vezes frente à média histórica de 11. Esse cenário abre espaço para novas altas no horizonte de 6 a 18 meses.
O que esperar da próxima semana?
Enquanto isso, a atenção dos investidores estará concentrada na “super quarta”, que pode definir o rumo dos mercados no curto prazo. Um corte mais agressivo de juros pelo Fed ampliaria os fluxos para países emergentes, como o Brasil, e reforçaria o apetite por risco. Por outro lado, fatores políticos internos seguem no radar, principalmente os desdobramentos do julgamento de Bolsonaro e suas possíveis repercussões econômicas.
Em resumo, a combinação de juros em queda, inflação sob controle e empresas ainda com valuations atrativos mantém a B3 em posição privilegiada. A continuidade desse movimento dependerá tanto da condução da política monetária quanto da estabilidade no cenário político, que tende a ganhar cada vez mais relevância à medida que se aproximam as eleições.