A entrada líquida de investidores estrangeiros na Bolsa brasileira atingiu R$ 24,20 bilhões até agosto de 2025. O valor reverte, em apenas oito meses, o resultado negativo de R$ 24,2 bilhões registrado em todo o ano passado, quando a B3 teve seu pior desempenho desde 2020.
O movimento abre espaço para que 2025 encerre como o melhor ano desde 2022, período em que a Bolsa recebeu quase R$ 120 bilhões em aportes externos. Além disso, o saldo positivo atual ocorre sem IPOs, sustentado apenas pelo mercado secundário, o que reforça o interesse real pelo Brasil.
O que explica a retomada do apetite estrangeiro?
Mesmo diante da volatilidade global, o fluxo de capitais mostra seletividade. Em agosto, por exemplo, o saldo líquido foi de apenas R$ 1,17 bilhão, com compras somando R$ 274,8 bilhões e vendas R$ 273,65 bilhões. Ainda assim, o resultado confirma que a aversão ao risco vista em 2024 vem sendo gradualmente superada.
“O saldo positivo mostra que os estrangeiros não deixaram de acreditar no Brasil, mas estão analisando com muito mais critério onde aplicar”, afirma Pedro Ros, CEO da Referência Capital. Para ele, a busca por solidez e perspectivas de longo prazo coloca setores estratégicos em evidência.
Setores que atraem mais capital em 2025
Segundo gestores, os aportes têm se concentrado em segmentos considerados resilientes e com alto potencial de crescimento. Entre eles estão:
- Tecnologia
- Energia e infraestrutura
- Saúde
- Agronegócio
- Serviços financeiros
- Imóveis
Nesse sentido, o Brasil oferece uma combinação rara: mercado consumidor robusto, abundância de recursos naturais e espaço para modernização em infraestrutura. Esses fatores reforçam sua atratividade frente a outros emergentes que enfrentam maior instabilidade política ou desaceleração econômica.
O que muda em relação a 2024?
Em 2024, a saída líquida foi a maior em quatro anos, minando a confiança de investidores. Por outro lado, em 2025 a Selic estável e sinais de compromisso fiscal trouxeram nova onda de recursos. “Em apenas oito meses o país conseguiu superar o déficit de todo o ano anterior”, destaca Ros.
Se o ritmo atual se mantiver, 2025 pode encerrar como um dos melhores anos desde 2022 para a entrada de capital estrangeiro. Isso demonstra que, mesmo em um ambiente global volátil, o Brasil é visto como oportunidade estratégica de diversificação.
Impactos para a economia real
A volta dos estrangeiros amplia a liquidez da Bolsa, sustenta a valorização de ativos e pode reduzir o custo de captação das empresas brasileiras. Além disso, fortalece a imagem do país no exterior e sinaliza aos investidores locais que o mercado segue competitivo frente a alternativas globais.
Enquanto isso, em um cenário de disputas geopolíticas e incertezas comerciais, a capacidade do Brasil de manter esse fluxo será determinante para sustentar crescimento econômico e estabilidade financeira nos próximos anos.