Apenas 12% dos empreendedores brasileiros conseguem transformar a visibilidade digital em autoridade e, consequentemente, em faturamento, segundo levantamento realizado em 2024 pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que analisou mais de 4 mil negócios digitais. O estudo aponta que 88% falham em manter uma reputação sólida no mercado, mesmo com produção constante de conteúdo nas redes sociais.
Para a psicóloga e empresária Fernanda Tochetto, fundadora do Tittanium Club e co-fundadora da Mentoring League Society, a principal falha está na falta de alinhamento entre imagem pessoal, proposta de valor e canais de comunicação. “Mais do que influenciar, é preciso gerar provas, consistência e verdade. A autoridade não se constrói apenas com alcance, mas com credibilidade que se traduz em faturamento”, afirma.
O cenário de baixa conversão contrasta com o avanço da economia digital brasileira. O e-commerce nacional faturou mais de R$200 bilhões em 2024, com projeção de alcançar R$234 bilhões em 2025, com alta de 15% no ano, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm). No entanto, dados da Experian Hitwise mostram que apenas 1,65% das visitas a sites de comércio eletrônico resultam em compras. No marketing digital, a taxa de conversão geral de leads caiu pelo terceiro ano seguido, chegando a 2,98% em 2025, segundo a Leadster.
Apesar da baixa conversão, a digitalização é quase total entre empreendedores brasileiros. Pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) indica que 94% utilizam tecnologias digitais ou aplicativos para vender produtos ou serviços, com índice que sobe para 96,2% entre negócios com até três anos e meio de atividade. Para Tochetto, isso demonstra que o desafio não está no acesso às ferramentas, mas na forma de usá-las estrategicamente para gerar autoridade e receita.
Com mais de 24 anos de atuação no desenvolvimento empresarial, Tochetto diferencia a influência de autoridade, de maneira que, a primeira atrai atenção, a segunda exige entrega, coerência e resultados tangíveis. “É comum ver perfis com milhares de seguidores que não fecham negócios porque o conteúdo não reflete a promessa real de transformação”, explica.
A especialista defende três pilares para uma estratégia digital eficaz, que são clareza de posicionamento, consistência na produção de conteúdo e presença nos canais adequados ao público-alvo. Para ela, a prova social é um dos ativos mais poderosos para consolidar autoridade. “Depoimentos, estudos de caso e resultados reais inspiram muito mais confiança do que promessas genéricas de marketing”, observa.
Segundo Tochetto, redes de apoio e comunidades colaborativas também aceleram resultados. “Ninguém cresce sozinho. Conexões estratégicas e ambientes de mentoria aceleram a construção de reputação e geram oportunidades de negócio consistentes”, diz.