O Boletim Focus divulgado nesta semana pelo Banco Central apontou novas revisões para baixo nas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2025, a estimativa caiu de 2,19% para 2,16%. Já em 2026, passou de 1,87% para 1,85%, e em 2027 recuou de 1,89% para 1,88%. Embora os cortes sejam discretos, eles reforçam uma trajetória de expansão econômica mais contida.
Esse cenário tende a impactar diretamente setores como geração de empregos, consumo e arrecadação de tributos. Além disso, analistas avaliam que as revisões sucessivas aumentam a percepção de fragilidade, trazendo novas discussões sobre a necessidade de ajustes na política fiscal e na relação entre o fisco e o contribuinte.
Qual é o impacto da política fiscal nesse contexto?
Para especialistas, o ambiente de menor crescimento torna ainda mais relevante o debate sobre a postura do sistema tributário. A presidente do Cenapret e fundadora do Queiroz Advogados, Mary Elbe Queiroz, avalia que o modelo atual prioriza a arrecadação imediata, sem considerar o ritmo da atividade econômica. “Menos PIB significa menos base tributária, mas ainda assim o fisco prioriza a cobrança imediata”, afirmou.
Nesse sentido, a ausência de mecanismos que adaptem a carga tributária à conjuntura pode acentuar o ciclo de fragilidade. Por outro lado, empresas que redirecionam recursos para lidar com impostos acabam adiando projetos e reduzindo investimentos, criando um efeito de retroalimentação negativa para a economia.
O ciclo de desaceleração em números
As projeções do Boletim Focus mostram uma tendência de cortes consecutivos:
- 2025: de 2,19% para 2,16%
- 2026: de 1,87% para 1,85%
- 2027: de 1,89% para 1,88%
Enquanto isso, especialistas destacam que a pressão fiscal elevada em cenários de retração pode gerar insegurança jurídica e desestimular novos aportes de capital no país.
Um sistema mais previsível pode atrair investimentos?
De acordo com Mary Elbe Queiroz, a construção de um ambiente tributário mais estável e transparente é fundamental para dar segurança às empresas. Além disso, medidas de simplificação e racionalização poderiam tornar a relação entre fisco e contribuinte mais equilibrada.
Segundo a especialista, previsibilidade e equilíbrio na tributação seriam capazes de atrair investimentos e impulsionar o crescimento econômico. “Não basta arrecadar mais, é preciso criar um sistema que incentive o desenvolvimento do país”, concluiu.