A gigante dos veículos elétricos BYD Co. Ltd., de origem chinesa, iniciou a exportação de carros de sua nova fábrica localizada na Tailândia para o mercado europeu. Este movimento ocorre em um cenário de excesso de produção no mercado local tailandês, onde a capacidade de fabricação supera a demanda interna. No final de agosto de 2025, mais de 900 unidades do modelo hatchback Dolphin foram embarcadas, tendo Alemanha, Bélgica e Holanda como destinos principais. A fábrica tailandesa, primeira base de produção de automóveis da BYD fora da China, iniciou suas operações em julho de 2024, com uma capacidade anual projetada de 150 mil veículos.
Atualmente, a unidade opera aquém de sua capacidade potencial. As exportações, portanto, surgem como uma alternativa estratégica para equilibrar a produção. Empresas como SAIC Motor Corp. Ltd., Great Wall Motor Co. Ltd., Guangzhou Automobile Group Co. Ltd., e Chongqing Changan Automobile Co. Ltd. também se estabeleceram na Tailândia, atraídas pelos programas de subsídios disponibilizados pelo governo local. Com a iniciativa EV3.0, que vigorou até 2023, tanto veículos elétricos importados quanto fabricados localmente receberam subsídios. Já em 2024, apenas os veículos produzidos localmente continuaram a usufruir desse benefício.
Quais são os desafios enfrentados pela produção de veículos elétricos na Tailândia?
O mercado tailandês de veículos elétricos tem enfrentado dificuldades com a saturação devido ao excesso de capacidade de produção. Até o momento, a Tailândia dispõe de 21 projetos de produção exclusiva de EVs, somando uma capacidade anual de 386 mil unidades. Contudo, as vendas em 2024 atingiram apenas cerca de 70 mil veículos, e 57 mil unidades no primeiro semestre de 2025. Este descompasso levou a uma guerra de preços e estoques elevados, preocupando as autoridades locais sobre a estabilidade do mercado.
Como a Tailândia está se adaptando ao cenário de excesso de produção?

Em resposta ao excesso de produção, o governo tailandês tem incentivado as montadoras a focarem nas exportações. Recentemente, ajustes nas políticas EV3.0 e EV3.5 foram aprovados pelo Comitê Nacional de Política de Veículos Elétricos da Tailândia. Com as novas regras, cada veículo elétrico exportado conta como 1,5 unidade no cumprimento das metas de produção local. Esta medida visa aumentar as exportações de veículos elétricos para cerca de 12,5 mil unidades em 2025 e 52 mil até 2026.
Quais são as barreiras para a exportação dos veículos elétricos tailandeses para a Europa?
Apesar dos esforços para impulsionar as exportações, a entrada de veículos elétricos chineses na Europa enfrenta obstáculos significativos. Desde outubro de 2024, a União Europeia impõe tarifas antissubsídio variando de 7,8% a 35,3% sobre EVs chineses, além de uma tarifa de importação de 10%. No caso da BYD, a alíquota combinada chega a 27%. Embora haja incertezas sobre se os veículos produzidos na Tailândia receberão tarifas diferenciadas, a BYD continua a exportar de sua planta tailandesa para aliviar a pressão sobre a produção e comercialização local.
As consequências para as montadoras que não cumprirem as metas de produção local são severas. A política tailandesa exige que, em caso de não cumprimento, todos os subsídios recebidos devem ser ressarcidos, acrescidos de juros, além do reembolso das reduções de impostos concedidos aos consumidores. Assim, o foco nos mercados externos tornou-se não apenas uma estratégia de expansão, mas também uma necessidade para garantir a viabilidade econômica das operações locais.