Os mercados iniciam a última semana de agosto em clima de otimismo após o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, que trouxe alívio para investidores e gerou altas nas bolsas internacionais. No Brasil, o Ibovespa acumula valorização de 14,7% no ano, enquanto o dólar mantém queda de mais de 12% em 2025. Agora, a atenção se volta para indicadores de inflação, emprego e contas públicas que podem ditar o rumo dos preços dos ativos nos próximos dias.
Além do cenário doméstico, os mercados globais aguardam dados da Ásia, Europa e Estados Unidos. O destaque será o índice de preços de gastos com consumo (PCE), referência para a política monetária do Federal Reserve, e a segunda leitura do PIB norte-americano no segundo trimestre.
Quais dados movimentam os mercados no Brasil?
- Boletim Focus: atualização das projeções de inflação, PIB, Selic e câmbio.
- Fluxo cambial estrangeiro: acompanhamento semanal do Banco Central.
- IDP e Transações Correntes: números importantes das contas externas.
- Setor Público Consolidado (julho): dados fiscais do governo e estatais.
- Caged: criação líquida de vagas formais de emprego.
- Pnad Contínua: taxa oficial de desemprego.
- IPCA-15: prévia da inflação de agosto, essencial para precificação dos juros futuros.
O que esperar dos mercados internacionais?
- Japão: CPI, desemprego, produção industrial e vendas no varejo.
- Coreia do Sul: decisão de juros do Banco Central (BoK).
- China: Lucro Industrial acumulado até julho e PMIs de agosto.
- Europa: CPI, PIBs do 2º trimestre, confiança do consumidor e varejo em grandes economias.
- EUA: PIB do 2º trimestre (segunda leitura) e PCE, indicador-chave para o Fed.
Esses dados serão determinantes para medir o ritmo da atividade global e a resiliência da inflação, fatores que influenciam diretamente os mercados financeiros e o apetite por risco.
Como os mercados fecharam na semana passada?
- B3: Ibovespa +1,19% na semana, +3,68% em agosto e +14,70% no ano.
- Wall Street: Dow Jones +1,53%, S&P500 +0,27%, Nasdaq -0,58%.
- Europa: maioria em alta, exceção Lisboa.
- Câmbio e commodities: dólar +0,52% na semana, mas -12,21% no ano; ouro +1,09% na sexta; petróleo WTI +1,36% e Brent +2,08%.
Além disso, os mercados brasileiros acompanham a 3ª prévia do índice B3, que será divulgada em 29 de agosto, e a formação da Ptax para contratos cambiais que passam a valer em 1º de setembro.
Fluxos e risco para os mercados
A agência Fitch manteve o rating dos Estados Unidos em AA+, mas alertou para o risco de rebaixamento caso a dívida avance sem contrapartidas fiscais. No Brasil, o fluxo estrangeiro na B3 registrou saída de R$ 558,1 milhões em 20 de agosto, acumulando saldo negativo de R$ 905 milhões no mês. Apesar disso, os mercados locais ainda contam com saldo positivo de R$ 19,15 bilhões no ano.
Opinião de Francisco Alves
Para Francisco Henrique Alves, operador de mercado e apresentador do Pre-Market, os mercados ainda repercutem o tom construtivo do discurso de Powell. “As bolsas reagiram positivamente, o dólar caiu e os juros recuaram. Agora, a agenda traz dados importantes no Brasil, como o IPCA-15 e o Caged, além do PCE e do PIB dos Estados Unidos, que devem guiar os próximos movimentos dos investidores”, analisou.
Segundo ele, o desafio é avaliar até que ponto a inflação global mostra sinais de alívio sem comprometer a atividade. “Será uma semana longa, com dados decisivos para os mercados ajustarem suas apostas de política monetária”, destacou Alves.