Os arredores das estações de recarga rápida para veículos elétricos, surpreendentemente, apresentam maior concentração de poluentes do que os postos de gasolina, conforme uma pesquisa conduzida pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Em uma análise abrangente de 50 pontos de carregamento DC, que também representam 16% dos equipamentos desse tipo no Brasil, a pesquisa revelou que a concentração de partículas finas – conhecidas como PM2.5 – alcançou, em média, 15 microgramas por metro cúbico. Em momentos de pico, esses números podem atingir até 200 microgramas por metro cúbico.
Para efeito de comparação, as áreas urbanas de Los Angeles apresentam concentrações de PM2.5 que variam de 7 a 8 microgramas por metro cúbico, aumentando para 10 a 11 em cruzamentos ou rodovias. Por outro lado, em postos de gasolina, a concentração média encontrada foi de 12 mg/m³. Esse quadro ressalta a necessidade de se repensar as práticas de recarga, principalmente em tempos de crescimento da mobilidade elétrica.
Por que a concentração de poluentes é maior em estações de recarga rápida?
O estudo identificou que a maior concentração de poluentes estava nas proximidades dos gabinetes de energia das estações de recarga rápida. O fenômeno ocorre principalmente devido ao uso de sistemas de refrigeração nos carregadores rápidos, que empregam ventiladores para evitar o superaquecimento dos equipamentos. Durante essa operação, os ventiladores acabam por levantar poeira, resultando em maior disseminação de partículas no ambiente.
Como minimizar a exposição a poluentes durante a recarga?
Especialistas recomendam que, durante o processo de recarga em estações rápidas, os usuários se mantenham distantes dos pontos com alta concentração de poluentes. Se não for possível se afastar, é aconselhável permanecer dentro do veículo com o ar-condicionado ligado, utilizando os filtros de partículas para minimizar a inalação de poluentes potencialmente prejudiciais. Essas sugestões são particularmente relevantes à luz dos riscos associados à exposição prolongada a essas partículas.
Quais os riscos à saúde associados à exposição a partículas finas?

Embora os veículos elétricos sejam uma solução mais limpa em comparação aos modelos com motores a combustão interna, o doutor Michael Jerrett da UCLA alerta que as partículas finas levantadas durante a recarga podem penetrar profundamente nos pulmões e no sistema circulatório. Essas partículas são até 30 vezes menores que um fio de cabelo e têm potencial para aumentar o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares.
Existe solução para esse problema nas estações de recarga rápida?
A professora Yifang Zhu da UCLA sugere que a instalação de filtros de ar adequados nos gabinetes das estações de recarga rápida poderia mitigar os efeitos de poluição excessiva. Essa solução visa reduzir a liberação de partículas prejudiciais durante o processo de recarga, promovendo um ambiente mais seguro para usuários e trabalhadores.
No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), apenas uma pequena fração dos pontos de recarga é do tipo DC (rápido), com a maioria sendo de carga lenta (AC). Mesmo assim, para um futuro onde a mobilidade elétrica será predominante, é crucial que avanços sejam feitos para garantir que o impacto ambiental do uso de veículos elétricos seja minimizado não só na estrada, mas também nas etapas de recarga.