De acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a semana no mercado brasileiro foi dominada pela repercussão das sanções impostas pelos Estados Unidos envolvendo o ministro Alexandre de Moraes e bancos, pela crise da Virgo e pela expectativa em torno do discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no simpósio de Jackson Hole. “Esses foram os grandes focos, somados ainda à pesquisa da Quaest que mostrou melhora de Lula nas intenções de voto, o que anima o governo mas gera desconforto em parte do mercado”, avaliou.
Nesse ambiente de tensões políticas e incertezas corporativas, o mercado encontrou fôlego na reta final da semana. O Ibovespa subiu 2,57% nesta sexta-feira (22), encerrando aos 137.968 pontos — maior alta diária desde abril. Com o movimento, o índice acumulou valorização de 1,19% na semana, revertendo parte das perdas recentes.
Setor financeiro impulsiona o índice
Os bancos foram o motor da recuperação, beneficiados pela perspectiva de juros mais baixos no exterior. As ações do Banco do Brasil avançaram 4,11%, enquanto Itaú subiu 2,80%, Bradesco 2,95% e BTG Pactual 3,18%. O desempenho do setor foi determinante para sustentar a alta do Ibovespa.
Principais pontos da análise de Gustavo Cruz
Além das sanções e do impacto político da pesquisa Quaest, Cruz destacou que a crise da Virgo preocupa agentes do mercado financeiro pela possibilidade de efeitos no crédito. Para ele, a confirmação de Powell de que pode haver corte de juros em setembro foi crucial para mudar o humor dos investidores e favorecer ativos de mercados emergentes.
O estrategista também chamou atenção para o cenário internacional mais amplo, citando a reunião do presidente Donald Trump com líderes europeus e ucranianos e as exigências de Vladimir Putin em torno de um possível acordo de paz. Esses fatores, segundo ele, mantêm os riscos geopolíticos no radar dos investidores.
Dólar fecha em queda, mas acumula alta na semana
No mercado de câmbio, o dólar recuou 0,95% nesta sexta, cotado a R$ 5,426, acompanhando o alívio externo. Apesar disso, encerrou a semana em alta de 0,51%. No acumulado do ano, o real ainda mostra desvalorização próxima a 12%. Especialistas avaliam que a sinalização do Federal Reserve pode atrair capital estrangeiro, mas alertam que fatores internos, como sanções políticas e crises corporativas, seguem limitando os ganhos.