O mercado automotivo brasileiro experimentou uma transformação significativa nos últimos anos, especialmente com a chegada de veículos elétricos e a mudança de foco de algumas marcas. Um exemplo interessante dessa dinâmica é a história recente do Subaru Forester, um SUV médio que se tornou a única opção da marca Subaru no Brasil. Importado pelo grupo Caoa, o Forester parece ter encontrado seu nicho entre clientes fiéis que ainda valorizam o modelo, apesar da incerteza quanto ao futuro da marca no país.
Embora o mercado para os veículos elétricos tenha se expandido, alguns modelos enfrentaram dificuldades para manter sua atratividade. O Nissan Leaf, que chegou ao Brasil como o pioneiro dos elétricos em 2018, viu sua relevância diminuir ao longo dos anos. A autonomia limitada e o interior desatualizado contribuíram para a perda de interesse, mesmo após um facelift em 2022. Atualmente, ele quase não é encontrado nos catálogos oficiais da Nissan, com grande parte das vendas acontecendo através de promoções nas concessionárias.
Como os elétricos enfrentam o desafio do mercado brasileiro?
O segmento dos veículos elétricos no Brasil não ficou imune às dificuldades econômicas e à competitividade interna. Marcas como a Caoa Chery apostaram no modelo iCar, que, apesar de lançado com o diferencial de ser o elétrico mais barato à época, não conseguiu manter a demanda. A presença de concorrentes mais atrativos em termos de custo-benefício foi um dos fatores que influenciaram nas baixas vendas do modelo subcompacto.
Por outro lado, a entrada da marca chinesa BYD no mercado brasileiro com os modelos Tan e Han ilustra uma estratégia de posicionamento focada no alto luxo e potência. No entanto, mesmo carros equipados com freios Brembo e decoração requintada passaram por desaceleração, reflexo das rápidas inovações tecnológicas atualizadas que tomaram o mercado.
A transição dos modelos elétricos e sua aceitação

Vale destacar o caso do Jaguar I-Pace, que em sua essência trouxe o luxo e a esportividade para o segmento de SUVs elétricos no Brasil. Contudo, mantendo apenas mudanças pontuais ao longo dos anos, o modelo só conseguiu manter disponibilidade de unidades até agosto de 2023. Isso ocorreu em meio a uma expectativa de renovação prevista pela marca entre 2026 e 2027, implicando que a Jaguar focará em veículos seminovos até lá.
Os desafios enfrentados por esses modelos não se restringem apenas à aceitação do mercado. O Fiat 500e também vivenciou momentos de incerteza, especialmente com atrasos em atualizações previstas. Lançado em 2021, ele simboliza a entrada da Fiat no cenário dos elétricos, mas dificuldades em estocar novas versões mantiveram o modelo praticamente ausente das concessionárias nos anos seguintes.
Que lições o mercado pode aprender com carros eletrônicos não vendidos?
A complexidade da introdução e manutenção dos veículos elétricos no Brasil evidencia a necessidade de estratégias que alinhem inovação, custo e apelo ao consumidor. A análise dessas histórias revela que, além das especificações técnicas, o sucesso de um modelo depende de ações coordenadas de marketing, timing e compreensão das limitações estruturais e de infraestrutura do país.
À medida que o mercado continua a evoluir, com novas entradas e saídas de modelos, é crucial que as montadoras avaliem continuamente a adequação de seus produtos às demandas locais, assegurando que os veículos no portfólio não fiquem obsoletos rapidamente e que tenham uma proposta atraente e acessível aos consumidores brasileiros.