As exportações da indústria brasileira devem encolher nos próximos seis meses, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (20) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice que mede a expectativa para o setor recuou 5,1 pontos em agosto, para 46,6 pontos. Abaixo da linha de 50, o resultado indica queda no volume exportado, algo que não ocorria desde novembro de 2023, há 21 meses.
De acordo com a entidade, o principal fator por trás dessa piora é a nova política comercial dos Estados Unidos. “A piora das expectativas de exportações da indústria estão muito relacionadas às incertezas do cenário externo, principalmente em função da nova política comercial americana”, afirmou Isabella Bianchi, analista de Políticas e Indústria da CNI.
CNI destaca os impacto do tarifaço nas exportações
Desde o início de agosto, quase metade da pauta exportadora brasileira para os Estados Unidos passou a ser taxada em até 50%. Em 2024, essas exportações somaram US$ 17,5 bilhões, de acordo com a CNI. O aumento das tarifas pressiona a competitividade da indústria nacional no mercado americano, que é um dos principais destinos de bens manufaturados brasileiros.
- Índice de exportações caiu para 46,6 pontos, abaixo da linha de crescimento
- É a primeira projeção neativa desde novembro de 2023
- Tarifaço dos EUA é apontado como principal causa da retração
Perspectivas para emprego e investimentos
A pesquisa também apontou queda no índice de expectativa de número de empregados, que recuou 2 pontos em agosto e chegou a 49,3 pontos, sinalizando que o setor não espera crescimento de postos de trabalho no curto prazo. Além disso, o índice de intenção de investimento caiu 1,6 ponto, para 54,6 pontos, o menor nível desde outubro de 2023, ainda que permaneça acima da média histórica.
- Expectativa de empregos caiu para 49,3 pontos, indicando retração
- Intenção de investimento recuou para 54,6 pontos, menor nível desde 2023
- Expectativa de demanda (53,1) e insumos (52,1) seguem positivas, mas em queda
Produção em alta, mas empregos em baixa
Apesar do cenário mais cauteloso, a produção industrial cresceu em julho: o índice ficou em 52,6 pontos, acima da linha de 50, indicando alta frente a junho. Já o número de empregados no setor caiu no mesmo período, com indicador em 49,3 pontos. A utilização da capacidade instalada permaneceu em 71%, estável em relação a junho e acima do nível de julho de 2023.
Os estoques industriais seguem ajustados, com o índice de evolução em 50,1 pontos e o nível de estoque em relação ao planejado em 49,9 pontos. A pesquisa consultou 1.500 empresas entre 1º e 12 de agosto: 601 de pequeno porte, 518 de médio porte e 381 de grande porte.