A recente pesquisa Datafolha revelou que a população brasileira enxerga nomes como Lula, Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Alexandre de Moraes como alguns dos principais responsáveis pelo chamado tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil. A medida, que elevou tarifas comerciais sobre diversos países, trouxe repercussões diretas para a economia brasileira e abriu espaço para discussões políticas sobre os rumos da diplomacia nacional.
Para analisar o cenário, o economista VanDyck Silveira avaliou que, embora todos os atores políticos tenham certa participação, a postura do presidente Lula tem colocado o Brasil em rota de colisão com Washington. Segundo ele, a aproximação com regimes autoritários e a ausência de uma estratégia clara de negociação dificultam o posicionamento do país diante das políticas protecionistas dos Estados Unidos.
Qual a repercussão do tarifaço no cenário macroeconômico?
No plano macroeconômico, o tarifaço gera preocupações adicionais. Silveira explica que “os custos das importações aumentam, o que, por sua vez, impacta diretamente os preços internos”. Esse movimento pode pressionar ainda mais a inflação, que já vinha em trajetória preocupante. O risco é que o Banco Central precise responder com elevação dos juros para conter a escalada inflacionária, encarecendo o crédito e reduzindo o apetite por investimentos.
Além disso, o economista destaca que a confiança do investidor pode ser abalada diante da falta de coordenação entre a política fiscal e a monetária. “Sem um alinhamento claro, os investidores podem hesitar em aportar recursos no Brasil”, afirmou. Nesse contexto, a volatilidade do mercado financeiro tende a aumentar conforme as tensões comerciais se intensificam.
Quais estratégias podem mitigar os danos do tarifaço?
Segundo Silveira, a diversificação de mercados é um caminho essencial para reduzir a dependência do Brasil em relação aos Estados Unidos. Ele analisa que o país deveria buscar ampliar acordos com nações menos expostas às medidas protecionistas de Trump.
Outro ponto destacado é a urgência em avançar nas reformas estruturais. “Melhorar o ambiente de negócios interno é fundamental para atrair investimentos e aumentar a competitividade do Brasil no cenário global”, afirmou o economista. Entre as medidas citadas estão:
- Reforma tributária para simplificação do sistema e redução da carga sobre empresas.
- Reforma administrativa para aumentar a eficiência do setor público.
- Iniciativas voltadas à modernização da infraestrutura e redução do chamado “custo Brasil”.
Esses passos, segundo Silveira, podem ajudar o país a enfrentar de maneira mais equilibrada os desafios impostos pelo tarifaço, além de criar um ambiente de negócios mais previsível e atrativo.
O que esperar do futuro?
O impacto do tarifaço vai depender da forma como o governo Lula reagirá à pressão econômica e diplomática. Para Silveira, será necessária uma postura mais estratégica e pragmática para evitar que o Brasil se torne ainda mais vulnerável às decisões unilaterais de Washington. O economista ressalta que, enquanto algumas potências se movimentam para proteger seus interesses e diversificar relações, o Brasil ainda carece de um plano consistente.
Nesse sentido, o futuro econômico do país dependerá da capacidade de equilibrar política externa com reformas internas. Se por um lado a pressão internacional impõe custos imediatos, por outro pode ser um catalisador para mudanças estruturais que vinham sendo adiadas. A trajetória a seguir será decisiva não apenas para o governo atual, mas para a credibilidade do Brasil no mercado global.
Assim, a discussão em torno do tarifaço vai além das tarifas em si: envolve a diplomacia internacional, a condução da política econômica e a confiança dos agentes de mercado. O desafio central será transformar a crise em oportunidade de reposicionamento estratégico no cenário global.