O programa Money Report na BM&C News reuniu três especialistas para discutir como o cenário global atual influencia a economia, o meio ambiente e a saúde. Participaram Bruno Barino, CEO da BlackRock no Brasil; Jorge Hargrave, cofundador do Brasil Climate Summit; e o médico Moisés Cohen, fundador do Instituto Cohen. O encontro abordou desde o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos até as oportunidades trazidas pela inteligência artificial e pela transição para uma economia de baixo carbono.
Ao longo da conversa, os entrevistados destacaram que, diante de um cenário global marcado por mudanças comerciais, climáticas e demográficas, é essencial adotar estratégias de diversificação, inovação tecnológica e prevenção em saúde. O Brasil, segundo eles, possui oportunidades únicas para se posicionar melhor nesse contexto, mas precisa agir rapidamente.
Como o tarifaço de Trump afeta o cenário global e o Brasil?
Bruno Barino apontou que a medida dos Estados Unidos, que exclui cerca de 43% das exportações brasileiras da taxação, pode impactar o PIB em até 0,4%. Para ele, o desafio é transformar esse cenário em vantagem, explorando novos mercados e fortalecendo a competitividade interna. “O diálogo com o governo americano deve continuar, mas também é hora de diversificar as relações comerciais para reduzir dependências estratégicas”, afirmou.
O executivo destacou que, no cenário global de hoje, assim como na gestão de investimentos, diversificar parceiros comerciais é fundamental para reduzir riscos e se preparar para mudanças nas regras do comércio internacional.
O clima como fator estratégico no cenário global
Jorge Hargrave ressaltou que o tema climático saiu das mesas restritas de especialistas e passou a influenciar decisões econômicas e políticas no mundo todo. Ele citou eventos extremos recentes, como a inundação no Texas, como exemplos que reforçam a urgência de ações concretas. “A direção da história está dada: o mundo vai descarbonizar sua economia. Quem se posicionar primeiro terá mais chances de liderar no futuro”, afirmou.
Para Hargrave, a transição energética é uma mudança estrutural que impacta o cenário global de investimentos e de cadeias produtivas. Nesse processo, a inteligência artificial surge como aliada para otimizar processos e atrair investimentos, especialmente em países como o Brasil, que possui uma matriz energética mais limpa que a média da OCDE.
Qualidade de vida e longevidade no cenário global
Moisés Cohen alertou para o desafio de viver mais e melhor. No Japão, a diferença entre expectativa de vida e vida com qualidade é de oito anos, enquanto no Brasil chega a 15 anos. “Estamos perdendo qualidade de vida a cada ano, e isso tem reflexos econômicos e sociais”, disse.
Ele defendeu políticas públicas e práticas individuais baseadas em quatro pilares: exercícios físicos, sono regulado, alimentação adequada e relacionamentos sociais saudáveis. Segundo Cohen, cuidar da saúde preventiva é essencial para manter produtividade e reduzir custos no longo prazo, especialmente em um cenário global em que a população está envelhecendo rapidamente.
Como a inteligência artificial se encaixa no cenário global?
No mercado financeiro, Barino explicou que a BlackRock utiliza IA para gerir fundos sistemáticos, combinando dados de balanços, projeções macroeconômicas e informações alternativas para decisões de investimento mais precisas. No campo ambiental, Hargrave destacou que a tecnologia ajuda a reduzir emissões e otimizar cadeias produtivas, além de simular cenários futuros para orientar políticas públicas e investimentos.
Na medicina, Cohen relatou pesquisas que usam IA para prever riscos de lesões esportivas, criando estratégias de prevenção. Para ele, a adoção da tecnologia deve ser feita com critérios claros, garantindo qualidade e confiabilidade das informações.
O Brasil e o papel no cenário global com a COP 30
Hargrave também falou sobre a relevância da COP 30, que será realizada em Belém. Apesar dos desafios de logística e infraestrutura, ele vê no evento uma oportunidade para o Brasil mostrar soluções sustentáveis e reforçar seu papel no cenário global de combate às mudanças climáticas. “A Amazônia é parte fundamental da solução climática, tanto pela preservação quanto pelo uso sustentável”, ressaltou.
Segundo ele, o negacionismo climático perdeu força e a discussão agora é pragmática: como distribuir custos e responsabilidades. Ao final, os três entrevistados concordaram que equilíbrio e planejamento são fundamentais para lidar com os desafios do cenário global, seja na economia, no meio ambiente ou na saúde.