A Vale, empresa de maior peso no Ibovespa, divulgou nesta quinta-feira (1º) seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2025, e os números surpreenderam positivamente o mercado. Apesar da queda nos preços das commodities, a mineradora conseguiu sustentar sua rentabilidade com redução de custos, eficiência operacional e desempenho robusto nos negócios de metais básicos.
Analistas do Citi e do Jefferies reiteraram a recomendação de compra para os ADRs da Vale, com preço-alvo de US$ 12, destacando a consistência operacional e os avanços na estrutura de custos da companhia. A capacidade da Vale de gerar caixa em um cenário global desafiador, mantendo disciplina na alocação de capital e remunerando o acionista, reforça sua posição de liderança entre as ações do setor.
Quais foram os destaques dos resultados financeiros da Vale?
O EBITDA proforma da Vale alcançou US$ 3,424 bilhões no trimestre, superando as estimativas de mercado. Esse resultado foi obtido mesmo com a queda no preço do minério de ferro, que ficou em média em US$ 85,1 por tonelada. A performance foi sustentada principalmente pela eficiência de custos, especialmente na unidade de metais básicos e no Sistema Norte, onde a mineradora conseguiu diluir despesas fixas com aumento de volume.
A empresa também registrou um fluxo de caixa livre recorrente de US$ 1,008 bilhão, em linha com a estratégia de manter geração de caixa robusta mesmo com oscilações nos preços internacionais. Em função desse desempenho, a companhia aprovou o pagamento de US$ 1,4 bilhão em juros sobre capital próprio, a serem pagos em setembro de 2025.
O custo caixa C1 do minério de ferro foi reduzido em 11% na comparação anual, chegando a US$ 22,2/t. Já o custo all-in, que inclui fretes, royalties e qualidade, caiu para US$ 55,3/t — recuo de 10% frente ao mesmo período de 2024. Essa é a quarta queda consecutiva nos custos, conforme os dados apresentados pela companhia.
O que dizem Citi e Jefferies sobre a Vale?
De acordo com o banco americano Citi, os resultados da Vale vieram acima das expectativas, especialmente no que diz respeito à performance da unidade de metais básicos, como cobre e níquel. O relatório aponta que o forte controle de custos e a melhora operacional foram decisivos para neutralizar os efeitos negativos da queda nas cotações do minério de ferro.
O Jefferies, por sua vez, destacou que o cenário de curto prazo pode permanecer desafiador para as mineradoras globais, mas a Vale está bem posicionada para atravessá-lo. Para os analistas, a redução dos custos nas operações, a geração consistente de caixa e a estratégia focada em crescimento com disciplina justificam a manutenção da recomendação de compra e o preço-alvo de US$ 12 para os ADRs.
Divisão de metais básicos ganha protagonismo
A unidade de metais para transição energética (MTE), que inclui os negócios de cobre e níquel, foi um dos principais destaques do trimestre. O EBITDA da divisão subiu fortemente, impulsionado por maiores volumes e ganhos de eficiência. O custo all-in do cobre caiu 60%, de US$ 3,7 mil/t para US$ 1,5 mil/t. Já o do níquel recuou 30%, atingindo US$ 12,4 mil/t. Ambos os indicadores ficaram dentro ou abaixo dos guidances revisados pela companhia.
A expectativa da companhia é continuar expandindo a produção de metais estratégicos com projetos como Bacaba, no Pará, cuja operação está prevista para iniciar no primeiro semestre de 2028. O investimento total estimado é de US$ 290 milhões, com capacidade esperada de 50 mil toneladas por ano.
Vale mantém alocação disciplinada e prepara nova fase de crescimento
Além dos bons números operacionais e financeiros, a Vale reforçou em sua apresentação o compromisso com a segurança, a sustentabilidade e a transparência. A empresa também destacou que segue com sua estratégia de equilíbrio entre retorno ao acionista, crescimento e competitividade.
A dívida líquida expandida fechou o trimestre em US$ 17,4 bilhões, dentro da faixa prevista pela gestão, entre US$ 10 e 20 bilhões. Isso mostra que a empresa continua adotando uma abordagem conservadora na gestão de seu balanço, priorizando a manutenção de uma estrutura sólida para suportar ciclos adversos de mercado.
Resumo dos principais indicadores financeiros
- EBITDA Proforma: US$ 3,424 bilhões
- Fluxo de Caixa Livre Recorrente: US$ 1,008 bilhão
- Custo Caixa C1 Minério de Ferro: US$ 22,2/t (-11% a/a)
- Custos All-In Minério de Ferro: US$ 55,3/t (-10% a/a)
- Custos All-In Cobre: US$ 1,5 mil/t (-60% a/a)
- Custos All-In Níquel: US$ 12,4 mil/t (-30% a/a)
- JCP aprovado: US$ 1,4 bilhão (pagamento previsto para set/25)
- Recomendações de Citi e Jefferies: Compra (ADR) com preço-alvo de US$ 12
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