A taxa de desocupação no Brasil caiu para 5,8% no trimestre encerrado em junho de 2025, segundo dados da PNAD Contínua divulgados nesta quinta-feira (31) pelo IBGE. Esse é o menor nível desde o início da série histórica, em 2012. A queda foi de 0,2 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e de 1,1 ponto percentual na comparação anual.
O número de pessoas ocupadas no país chegou a 102,4 milhões, outro recorde. O rendimento médio habitual alcançou R$ 3.477 — o maior valor já registrado — e a massa de rendimentos bateu R$ 351,2 bilhões. Também houve melhora na taxa de subutilização, que caiu para 14,4%, e no número de trabalhadores com carteira assinada, que atingiu 39 milhões. Já a informalidade ficou em 37,8%, levemente abaixo do mesmo período de 2024.
O que mudou na metodologia do IBGE?
Junto aos novos dados, o IBGE promoveu uma reponderação da série da PNAD Contínua, com base nas estimativas populacionais atualizadas do Censo Demográfico de 2022. A metodologia da pesquisa em si foi mantida, mas os fatores de expansão foram recalculados com uma população de referência mais precisa e menor do que a anterior.
Segundo o instituto, essa atualização não alterou a trajetória das séries, tampouco teve impacto significativo na taxa de desocupação, sendo classificada como um efeito neutro. A mudança, no entanto, reforça a confiabilidade dos recordes alcançados nesta divulgação.
Como interpretar os resultados à luz do cenário econômico?
Especialistas destacam que os dados do mercado de trabalho mostram resiliência, mas devem ser analisados com cautela diante dos sinais de desaceleração da economia brasileira no segundo trimestre.
Para Leonardo Costa, economista do ASA, é natural que o emprego demore a reagir a um arrefecimento da atividade econômica:
“O mercado de trabalho tende a reagir mais lentamente à desaceleração da atividade, como já se observa em dados mais tempestivos da atividade doméstica divulgados do segundo trimestre até aqui. Ainda assim, o setor segue como destaque de resiliência da economia doméstica no período”, avalia Costa.
Ou seja, embora os números sejam positivos, há riscos relevantes à frente que podem desacelerar essa tendência, especialmente se a economia seguir enfraquecendo e se as condições de crédito e investimento continuarem restritas.
Empreender nesse cenário: quais os desafios?
Apesar da melhora no emprego formal e da recuperação da renda, o ambiente macroeconômico ainda impõe obstáculos para o crescimento de novos negócios e da atividade produtiva em geral. É o que aponta João Pedro do Val, diretor da Bossa Invest:
“A queda do desemprego mostra que o mercado interno segue vivo e que ainda há espaço para negócios que entregam soluções reais para empresas e consumidores. Mas o avanço ainda é frágil. A Selic elevada limita o capital disponível, principalmente nas rodadas iniciais, e o tarifaço dos EUA adiciona um novo fator de risco”, afirma do Val.
Na visão do executivo, as tarifas americanas podem afetar diretamente cadeias exportadoras importantes, reduzindo a demanda em algumas regiões do país, pressionando o consumo e impactando a geração de empregos.
Ele alerta que, nesse cenário, os empreendedores devem focar em estratégias com alto grau de eficiência e relevância:
“É um alerta para quem empreende: eficiência e foco em resolver dores reais do mercado continuam sendo o filtro mais importante para atrair capital e crescer com consistência”, conclui.
Principais destaques do mercado de trabalho no 2T25
- Taxa de desemprego: 5,8% (mínima histórica desde 2012)
- População ocupada: 102,4 milhões (recorde)
- Rendimento médio real: R$ 3.477 (+3,3% em 12 meses)
- Massa de rendimentos: R$ 351,2 bilhões (recorde)
- Carteira assinada no setor privado: 39 milhões (recorde)
- Taxa de informalidade: 37,8% (queda na comparação anual)
- Taxa de subutilização: 14,4% (menor da série)
Enquanto o mercado de trabalho segue aquecido, o cenário exige atenção com os próximos passos da política monetária e os impactos de medidas internacionais. A sustentabilidade do crescimento da ocupação dependerá do equilíbrio entre consumo, crédito e confiança no ambiente econômico.
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