Com paisagens paradisíacas e resorts que figuram entre os mais caros do mundo, as Maldivas se consolidaram não apenas como destino turístico, mas como um verdadeiro modelo econômico de alto padrão. Por trás das águas cristalinas e bangalôs sobre o mar, há uma estrutura financeira e fiscal pensada para atrair capital internacional e garantir retorno elevado a investidores.
O turismo representa hoje mais de 28% do Produto Interno Bruto do país, segundo dados do Banco Mundial. Trata-se da principal atividade econômica do arquipélago, sustentando grande parte da receita nacional e impulsionando investimentos bilionários em hotelaria, transporte e energia.
Por que o modelo das Maldivas atrai tantos olhos?
O segredo está em um tripé eficiente: política fiscal competitiva, estrutura legal pró-investidor e um posicionamento global exclusivo no segmento de turismo de luxo. O governo maldivo oferece isenções fiscais, concessões de longo prazo em ilhas privadas e incentivos diretos para grupos que queiram operar resorts ou empreendimentos sustentáveis.
Além disso, o país mantém sua estabilidade cambial com base no dólar e adota uma postura diplomática neutra, o que garante segurança jurídica para players estrangeiros, principalmente da Ásia, Oriente Médio e Europa.
As gigantes do luxo e seus lucros nas Maldivas
Grandes marcas do turismo global, como Four Seasons, Six Senses, Soneva e One&Only, disputam espaço nas ilhas mais exclusivas do arquipélago. Segundo consultorias internacionais do setor, a margem de lucro líquido dos resorts de luxo nas Maldivas pode superar os 30% ao ano, graças à alta diária média, ocupação internacional estável e demanda crescente por experiências personalizadas.
A estratégia dessas marcas vai além do turismo convencional: elas vendem exclusividade, sustentabilidade e bem-estar, com pacotes que ultrapassam facilmente os US$ 30 mil por semana para casais em bangalôs com piscina privativa, spa e mordomo.
Modelo replicável ou caso único?
Embora outros destinos tentem copiar o modelo das Maldivas, o país ainda detém vantagens competitivas únicas. São mais de 1.200 ilhas, das quais cerca de 200 são habitadas e outras tantas foram concedidas a redes hoteleiras para exploração exclusiva. Isso garante uma escassez natural que valoriza o produto turístico.
Além disso, o país investe em infraestrutura aérea e náutica para facilitar o acesso a áreas remotas, o que favorece o conceito de isolamento premium. A chegada de voos diretos do Oriente Médio e da Ásia também ampliou a exposição do destino a públicos de altíssimo poder aquisitivo.
Perspectivas para o futuro: sustentabilidade e inovação
Com o aumento da demanda por experiências sustentáveis, o governo das Maldivas tem exigido que novos empreendimentos adotem práticas ambientais rigorosas. Algumas redes hoteleiras já incorporaram energia solar, tratamento de água próprio, reciclagem de resíduos e proteção à vida marinha como pilares da operação.
Ao mesmo tempo, cresce o interesse de fundos de investimento focados em ESG, que veem nas Maldivas uma oportunidade de alinhar retorno financeiro a impacto ambiental positivo.
Em um mundo cada vez mais conectado, mas também mais preocupado com qualidade de vida e exclusividade, as Maldivas mostram como é possível transformar geografia, branding e estratégia fiscal em um verdadeiro império de alto luxo.