Recentemente, o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP) destacou um problema significativo enfrentado por estrangeiros residentes no Brasil ao tentar receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas), um auxílio oferecido pelo INSS a idosos com mais de 65 anos de baixa renda e pessoas com deficiência. A questão central está na exigência de registro biométrico para a obtenção do benefício, o qual requer que os candidatos possuam documentos como a Carteira de Identidade Nacional (CIN), título eleitoral ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH). No entanto, muitos estrangeiros possuem apenas o Registro Nacional Migratório (RNM), documento que ainda não faz parte dos sistemas de verificação biométrica do INSS.
Desde setembro de 2024, a inclusão do cadastro biométrico se tornou obrigatória, o que gerou obstáculos significativos para estrangeiros que não têm acesso aos documentos exigidos. Neste contexto, o registro biométrico, que deveria simplificar e garantir a segurança do processo de concessão, acabou por excluir inadvertidamente uma parte vulnerável da população. Em resposta, o IBDP solicitou que o INSS flexibilize esses procedimentos, permitindo uma integração mais justa e prática do RNM aos sistemas atuais.
Quais são os critérios para receber o BPC/Loas?
O BPC/Loas é um benefício que visa prover assistência financeira a pessoas que enfrentam situações de vulnerabilidade social devido a limitações financeiras ou físicas. Para que se possa requisitar esse benefício, é necessário que a pessoa com deficiência ou idosa com mais de 65 anos atenda a certos critérios econômicos. Especificamente, a renda familiar per capita precisa ser inferior a 25% do salário mínimo, um valor atualmente calculado com base em dados do Cadastro Único (CadÚnico).
Importante destacar que, ao contrário de outros benefícios previdenciários, não é requisito ter contribuído para o INSS ao longo da vida. Assim, mesmo indivíduos que nunca puderam fazer contribuições por motivos diversos, como falta de oportunidade de trabalho formal, podem ser elegíveis, desde que se comprovem as condições econômicas estabelecidas.
Por que o Registro Nacional Migratório não está integrado ao sistema?
A ausência do Registro Nacional Migratório (RNM) nos sistemas de verificação biométrica utilizados pelo INSS levanta preocupações sobre a inclusão e acessibilidade dos direitos sociais. Essa lacuna se deve, em parte, a questões burocráticas e técnicas que ainda não foram solucionadas para integrar completamente o RNM nos sistemas de identificação nacionais. A falta de uma infraestrutura centralizada para validação do RNM acaba limitando a capacidade dos estrangeiros para acessar direitos assegurados, como o BPC/Loas.
Essa situação persiste mesmo com o avanço tecnológico em áreas como segurança de dados e digitalização de documentos. Portanto, existe uma necessidade urgente de investimentos e reformas que abracem a diversidade dos documentos de identificação presentes no Brasil, garantindo que todos os cidadãos, independentemente de sua origem, tenham acessos justos aos benefícios sociais.

Como o BPC/Loas é analisado para pessoas acima de 65 anos?
Para idosos acima dos 65 anos que buscam o BPC/Loas, a análise vai além da simples avaliação de documentos de identificação. O processo envolve uma revisão administrativa minuciosa da renda e da composição familiar. Isso quer dizer que, mesmo sem precisar passar por avaliação de assistente social ou perícia médica, é necessário demonstrar que os critérios socioeconômicos exigidos pelo programa são atendidos.
Por outro lado, a análise detalhada serve de respaldo para proteger o sistema contra fraudes e assegurar que os recursos sejam destinados àquelas pessoas que realmente delas necessitam. Dessa forma, garantir a correta destinação do benefício é vital para a sustentação do sistema de proteção social do Brasil.
Quais são as propostas para resolver esses desafios?
Para endereçar as discrepâncias enfrentadas por estrangeiros no acesso ao BPC/Loas, algumas soluções têm sido propostas. A primeira delas inclui a atualização e integração do Registro Nacional Migratório nos sistemas atuais utilizados pelo INSS. Tal integração pode ser alcançada por meio de políticas públicas que incentivem a modernização dos sistemas de dados e a interoperabilidade entre diferentes órgãos governamentais.
Além disso, flexibilizações pontuais em procedimentos burocráticos para grupos específicos, como os imigrantes, podem ajudar a sanar essa questão rapidamente até que soluções mais permanentes sejam implementadas. A consideração de dados adicionais ou alternativos ao RNM em avaliações iniciais também pode melhorar a inclusão sem comprometer a segurança do processo.