A temporada de resultados do segundo trimestre de 2025 entra em sua semana mais intensa, com a divulgação de balanços de algumas das maiores companhias listadas na B3. Bancos, operadoras de telecomunicações, siderúrgicas, mineradoras e empresas de consumo puxam a fila em uma agenda que deve influenciar o comportamento do mercado nos próximos dias.
Entre os destaques, estão Santander Brasil (SANB11), Bradesco (BBDC4), Vivo (VIVT3), TIM (TIMS3), Ambev (ABEV3), CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e a Vale (VALE3). A expectativa é de um trimestre marcado por estabilidade ou leve crescimento em diversos setores, mas com pressões localizadas em volume e margem, especialmente em segmentos ligados ao consumo e à exportação de commodities.
Resultados do setor financeiro: estabilidade nos lucros e moderação nas expectativas
O setor bancário terá grande visibilidade na quarta-feira (30), com os resultados de Santander e Bradesco. O Santander publica seu balanço antes da abertura dos mercados, enquanto o Bradesco divulga seus números após o fechamento.
O próprio Santander projeta que o Bradesco registre lucro líquido recorrente de R$ 5,9 bilhões, um avanço de 26% na comparação anual e leve crescimento frente ao 1T25. O ROAE (retorno sobre o patrimônio médio) deve ficar em 14,5%, segundo projeções alinhadas ao consenso do Visible Alpha. Ainda assim, o banco adota tom cauteloso: os analistas acreditam que, apesar de sólidos, os resultados não serão suficientes para gerar um novo rali, como o observado no primeiro trimestre.
Já sobre seu próprio desempenho, o Santander pode apresentar um trimestre neutro, de acordo com o Itaú BBA. A instituição aponta que, embora a margem financeira líquida venha positiva, o desempenho da tesouraria pode pressionar o resultado final, limitando surpresas positivas.
Resultados das teles: foco em receita por usuário e investimentos
A operadora Vivo (VIVT3) abriu a semana com seus números nesta segunda-feira (28), iniciando os resultados do setor de telecomunicações. Já a TIM (TIMS3) publica seus resultados na quarta-feira (30).
A expectativa dos analistas é de que as operadoras apresentem estabilidade nas margens, com foco em crescimento de receita por cliente (ARPU), avanço da base pós-paga e aumento dos investimentos em infraestrutura e 5G. No entanto, o cenário macro ainda impõe desafios no controle de custos e inadimplência.
Consumo: Ambev deve crescer, mas volume preocupa
A Ambev (ABEV3) revela seus resultados na quinta-feira (31), antes da abertura dos mercados. A XP Investimentos estima:
- Receita líquida: R$ 21,9 bilhões (+9,4% YoY)
- Ebitda ajustado: R$ 6,1 bilhões (+6,3%)
- Lucro líquido: R$ 2,5 bilhões (+4,4%)
Apesar dos números positivos, a casa de análise alerta para riscos de queda nas divisões BR Beer (com previsão de queda de 1,5% nos volumes) e também nas bebidas não alcoólicas no Brasil, afetadas por menor demanda e clima desfavorável. A comparação mais favorável na alíquota efetiva de imposto (ETR) pode suavizar impactos no lucro final.
Siderurgia e mineração: foco na resiliência operacional
Na quinta-feira à noite, o mercado acompanha os resultados de CSN, CSN Mineração, Gerdau, Gerdau Met e a mineradora Vale, com forte peso nos índices de ações.
Para a Gerdau (GGBR4), o Itaú BBA projeta um trimestre relativamente positivo, com bons resultados na América do Norte, compensando o desempenho mais fraco no Brasil. A expectativa é de um resultado consolidado equilibrado, com destaque para exportações.
Já a CSN (CSNA3) deve se beneficiar do desempenho robusto nas divisões de aço e cimento, que devem compensar os números mais fracos da divisão de mineração, afetada pela queda no preço do minério de ferro no trimestre.
A Vale (VALE3), por sua vez, é o grande destaque da quinta-feira. O BBA acredita em um resultado neutro, com margens estáveis e pouca variação em relação ao trimestre anterior nos segmentos de metais ferrosos e básicos. A atenção recai sobre os volumes embarcados, os preços realizados e o guidance para o segundo semestre — que podem sinalizar os rumos da empresa no contexto global de demanda por minério.
O CIO da MSX Invest, Marco Saravalle, chama atenção para os sinais de enfraquecimento no setor de siderurgia no país. “Achei bem fraquinho o resultado de Usiminas. Estou um pouco mais preocupado com a siderurgia para o segundo semestre, pelo menos a siderurgia interna, que vem reclamando muito da concorrência com produtos importados”, afirmou. A fala reforça o alerta do mercado para os desafios competitivos do setor, especialmente diante da pressão de custos e da desaceleração da demanda doméstica.
Confira a agenda:
Data | Empresas |
---|---|
28/07 | Vivo (VIVT3) |
29/07 | Intelbras, Motiva |
30/07 | Santander (pré-market), Bradesco (pós-market), TIM, D1000, Ecorodovias, ISA Cteep, Profarma |
31/07 | Ambev (pré-market), CSN, CSN Mineração, Gerdau, Gerdau Met, Irani, Marcopolo, Mercado Livre, Vale (pós-market) |
01/08 | Fertilizantes Heringer |
O que o investidor deve observar nos resultados
- Evolução das margens operacionais e guidance para o 2º semestre
- Tendência de volumes nos setores de consumo e commodities
- Impacto do cenário macroeconômico (inflação, juros e câmbio)
- Performance das divisões internacionais, especialmente América do Norte e Ásia
- Sinalizações sobre distribuição de dividendos e recompra de ações
Com empresas que juntas representam boa parte do Ibovespa, a semana promete ser decisiva para o humor dos investidores e para a alocação de capital no segundo semestre. Em um ambiente de juros ainda elevados e expectativa por reformas fiscais, os resultados podem redefinir o posicionamento de analistas e casas de investimento nos portfólios de ações brasileiras.
Wall Street: big techs também sob os holofotes
A temporada de resultados também será movimentada nos Estados Unidos. Na quarta-feira (30), serão divulgados os balanços de Meta e Microsoft, enquanto na quinta-feira (31) saem os números de Amazon e Apple. Os investidores estarão atentos à evolução das margens, ao impacto da inteligência artificial e ao crescimento das linhas de serviços digitais.