O Boletim Focus revisou para baixo, pela nona semana consecutiva, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025, apesar de um ajuste marginal nas estimativas. O IPCA, que passou de 5,10% para 5,09%, continua a ser monitorado de perto pelos analistas, especialmente após a divulgação do IPCA-15 de julho, que veio ligeiramente acima do esperado. Embora a revisão tenha sido pequena, o foco permanece na dinâmica qualitativa do índice.
A grande surpresa do IPCA-15 de julho foi a deflação observada nos preços dos alimentos no domicílio, que, juntamente com a desaceleração no núcleo de bens industriais, trouxe alívio para os consumidores. A inflação geral começou a apresentar uma inflexão, com uma desaceleração visível nas pressões inflacionárias, especialmente nos itens sensíveis às variações cambiais.
Boletim Focus: núcleo segue pressionando, diz economista
Maykon Douglas, economista, aponta que “o núcleo de bens industriais, que foi uma das principais fontes de pressão nos últimos meses, apresentou uma desaceleração importante, refletindo uma correção nas expectativas do mercado.” Ele também destaca que a deflação observada na alimentação no domicílio é uma boa notícia para as famílias brasileiras, que têm enfrentado os maiores impactos da alta nos preços de alimentos.
Apesar de uma desaceleração lenta nos núcleos de serviços, que ainda contribuem para a pressão inflacionária, a inflação geral mostra uma inflexão positiva em relação ao fim de 2024. Maykon Douglas acredita que isso pode sinalizar uma possível trajetória mais suave para os próximos meses, o que ajudaria o Banco Central a ajustar sua política monetária com mais cautela.
Focus traz expectativas para o câmbio
Outro ponto importante abordado pelo Boletim Focus é a revisão para baixo da projeção do câmbio para o final de 2025, agora fixada em R$ 5,60, o que está em linha com as projeções de Maykon Douglas desde a segunda quinzena de junho. Ele observa que, “apesar da estabilidade no câmbio, o ambiente externo, especialmente a situação fiscal e as tensões comerciais, continua sendo um fator crítico para o valor do real.“
A expectativa de que os Estados Unidos implementem uma taxação extra sobre o Brasil a partir de 1º de agosto coloca o câmbio em foco, já que a reação do governo brasileiro a essa medida será crucial. “O mais relevante, neste momento, será observar a resposta do governo brasileiro a essa imposição e a eventual volatilidade no mercado, caso haja retaliações ou outras medidas de impacto“, explica Maykon Douglas.
Impacto das políticas externas e retaliações comerciais:
Com o governo dos EUA sinalizando que a taxação sobre o Brasil será implementada em agosto, o mercado se prepara para um possível estresse financeiro caso o Brasil decida retaliar. Esse cenário pode afetar tanto as projeções cambiais quanto as expectativas de crescimento econômico no país. “A reação do governo brasileiro será fundamental para a percepção do mercado e para o comportamento do câmbio nos próximos meses”, afirma Maykon Douglas.
Projeções de PIB e Selic:
As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) continuam estáveis, com a mediana das projeções de crescimento permanecendo em 2,23% para 2025. Embora o crescimento seja moderado, a economia brasileira segue no caminho de uma recuperação gradual. Para a taxa de juros, a Selic continua em 15% para este ano, com expectativas de manutenção devido à persistente pressão inflacionária.