O primeiro dia da Expert 2025, promovido pela corretora XP, em São Paulo, trouxe uma série de discussões e análises que estão moldando as expectativas econômicas para o Brasil. Em um evento marcado pela presença de especialistas renomados, temas como a alta carga tributária, as tarifas impostas por Donald Trump e os efeitos do IOF dominaram os debates, com repercussões diretas nas empresas, na inflação e nas perspectivas fiscais do país.
Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, destacou a preocupação com o cenário fiscal e a inflação. “O primeiro semestre foi mais pressionado pela inflação, mas no segundo semestre esperamos uma desaceleração”, afirmou Cardoso, explicando que a desvalorização do câmbio e a política monetária restritiva contribuirão para controlar os preços. Para ele, a taxa de câmbio, que se estabilizou abaixo de R$ 6, traz um alívio para a inflação nos próximos meses.
Tarifas de Trump e os impactos no fiscal
Evandro Buccini, diretor de crédito da Rio Bravo, abordou o tema das tarifas impostas pelos Estados Unidos, observando que o impacto direto na economia brasileira não será tão grande, dado que o Brasil tem uma economia fechada e que os EUA vêm perdendo relevância no comércio internacional, especialmente para o Brasil, que busca novas parcerias, como a China. “O impacto macro não será tão grande, mas setores específicos, como o de indústrias e exportações, podem sofrer bastante”, explicou Buccini.
O Banco Daycoval projeta que se a tarifa de 50% for mantida, o impacto no PIB será de aproximadamente 0,3%. “O efeito direto não é catastrófico, mas setores industriais serão bastante afetados, especialmente os que dependem de insumos importados”, destacou Rafael Cardoso.
Tributação de dividendos
Outro tema que gerou grande debate foi a possibilidade de tributação de dividendos, uma medida que promete aumentar a carga tributária e pressionar ainda mais os negócios. Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, destacou que o empresariado está bastante preocupado com essa possibilidade, que foi discutida amplamente durante a feira. Segundo ele, a taxação de dividendos é vista como uma tentativa do governo de aumentar a arrecadação, mas pode prejudicar a competitividade das empresas no Brasil. “As empresas estão tentando se antecipar e distribuir lucros ainda este ano, antes que essa medida entre em vigor”, afirmou Braga.
Ele também alertou para o efeito de uma possível retaliação do Brasil às tarifas americanas. “Se a tributação for implementada, haverá um aumento nos custos de produção e uma possível redução no crescimento do PIB. A consequência disso pode ser uma taxação maior, o que vai dificultar ainda mais a recuperação econômica do Brasil”, concluiu.
Ajuste fiscal e incertezas políticas
As discussões durante o primeiro dia da Expert 2025 revelaram um cenário de incerteza fiscal e política, com especialistas apontando que o Brasil precisa de uma agenda internacional mais propositiva para não comprometer ainda mais seu crescimento. O cenário político polarizado e a falta de consenso sobre as melhores medidas fiscais e tributárias deixam o futuro econômico do Brasil em uma posição vulnerável.
Apesar dos desafios, há uma percepção de que, com ajustes nas políticas fiscais e monetárias, o Brasil pode mitigar os impactos de um cenário global incerto, especialmente com a pressão de tarifas externas e as reformas internas ainda em andamento. A gestão econômica, para muitos especialistas, será a chave para evitar que o Brasil entre em um ciclo de desaceleração ainda mais acentuada, prejudicando setores chave da economia e aumentando a desconfiança do mercado.
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