A fintech IFINC tem se destacado no mercado de crédito ao oferecer soluções baseadas em garantias imobiliárias — uma alternativa que promete taxas mais acessíveis e prazos mais longos para empresas que enfrentam dificuldade de acesso a capital. Em entrevista no programa Smart Money, o CEO da companhia, Cleber Lima, explicou como o modelo tem ganhado força entre empresários e quais os próximos passos para escalar o negócio no Brasil.
A proposta da IFINC gira em torno de operações de crédito com imóveis dados como garantia, especialmente para empresários que possuem patrimônio, mas têm baixa liquidez ou dificuldade de aprovação em bancos tradicionais. Segundo Lima, essa modalidade, ainda pouco explorada por instituições financeiras, permite taxas a partir de 1,19% ao mês + IPCA ou até 1,79% em modelo prefixado, mesmo em um cenário de Selic elevada.
“O empresário não consegue esse tipo de crédito com o banco, a não ser que seja muito bancarizado. E tem um público imenso que fica fora do radar das instituições tradicionais”, explicou Cleber.
IFINC: a lógica por trás do crédito com garantia
Ao invés de financiar um imóvel novo, a IFINC utiliza imóveis quitados como garantia para liberar capital de giro, permitindo que os empresários troquem dívidas mais caras por crédito mais barato e estruturado. A operação é viabilizada por uma rede de mais de 40 fundos parceiros e a fintech atua como elo entre o cliente e esses financiadores, defendendo a tese de crédito ideal para cada perfil.
“Cada contrato é uma história. A gente customiza a solução, entende o motivo da inadimplência ou da urgência e estrutura a proposta sob medida. Por isso a gente chama de ‘fintech manual’”, ressaltou o CEO.
Inteligência humana, tecnologia em construção na IFINC
Apesar do alto índice de aprovação, sete em cada dez propostas são aceitas pelos fundos parceiros, o processo ainda é fortemente baseado na experiência dos consultores. A sugestão dos mentores do programa Smart Money, Henrique Martines (Equity Financial Group) e João Córdoba (Hyperion Franquias), foi acelerar a automação.
“Você já sabe para qual fundo cada tipo de cliente serve. Isso precisa virar tecnologia”, observou Córdoba. “Imagine um sistema que entenda a tese de cada fundo e envie automaticamente as propostas até encontrar aprovação.”
Cleber concordou e revelou que o desenvolvimento dessa automação está no radar da empresa, mas ainda em fase inicial.
Expansão via franquias e consultores: o dilema
Outro tema debatido foi o modelo de crescimento da IFINC. Hoje, a fintech conta com cerca de 100 consultores espalhados pelo país, entre contadores, ex-gerentes de banco e profissionais autônomos. Paralelamente, a empresa iniciou um modelo de franquias, com unidades operando em diferentes estados, mas que ainda carece de diferenciais mais claros em relação à atuação dos consultores.
“A franquia precisa oferecer ferramentas exclusivas, suporte tecnológico, comissionamento superior. Se a proposta for muito parecida com a do consultor independente, ela perde força”, apontou Martines.
Lima reconheceu a sobreposição entre os dois canais e afirmou que o objetivo agora é estruturar melhor o modelo de franquia para torná-lo mais atrativo e escalável.
A urgência da educação financeira aos olhos da IFINC
Outro desafio apontado por Lima é o desconhecimento do público em relação ao crédito com garantia de imóvel. Ainda há uma resistência cultural em usar o patrimônio como colateral, por medo de inadimplência. Por isso, a IFINC pretende investir em ações de educação financeira — tanto para os consultores quanto para os clientes finais — e trabalhar o conceito de “crédito consciente” como ferramenta de fôlego para empresas em crescimento.
“Hoje ninguém fala sobre crédito barato e consciente. Os influenciadores falam sobre investimento e poupança, mas não sobre como alavancar um negócio com segurança. A gente quer ocupar esse espaço”, concluiu o CEO.
Além disso, os mentores sugeriram que Cleber assuma a posição de porta-voz do setor, fortalecendo o branding da IFINC e sua presença digital. A ausência da empresa nos primeiros resultados de buscas por “home equity” no Google foi apontada como uma oportunidade não explorada mas que pode ser estratégica tanto para atrair clientes quanto franqueados.