As importações chinesas de soja atingiram 12,26 milhões de toneladas em junho, o maior volume já registrado para o mês, segundo dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas da China. Do total, 10,62 milhões de toneladas vieram do Brasil, o que representa 86,6% das compras do país asiático no período. Na comparação anual, as aquisições de soja brasileira cresceram 9,2%.
Os embarques norte-americanos também registraram alta de 21%, alcançando 1,58 milhão de toneladas. Apesar do crescimento, os Estados Unidos seguem atrás do Brasil, que mantém sua posição como principal fornecedor de soja para a China.
O recorde de junho reflete uma combinação de fatores, como a colheita robusta no Brasil e os efeitos prolongados da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Esse contexto tem favorecido as exportações brasileiras, ampliando a participação do país no mercado chinês.
Felipe Jordy, gerente de inteligência e estratégia da Biond Agro, avalia que a forte dependência da China como destino das exportações brasileiras de soja pode representar riscos para o setor. “A China é o principal parceiro comercial do agro brasileiro, mas essa concentração cria uma fragilidade estrutural. Precisamos equilibrar essa balança com novos mercados e políticas de autonomia em insumos”, afirma.
Além da questão comercial, Jordy aponta que o volume recorde tende a pressionar a logística nacional, principalmente nos portos, e pode afetar a precificação da soja nos mercados globais. Ele também chama atenção para possíveis mudanças no posicionamento chinês diante de fatores geopolíticos, o que exigirá estratégias mais diversificadas por parte dos produtores brasileiros.
A perspectiva para a próxima safra também é cercada de incertezas, com desafios relacionados ao clima, ao custo de insumos e à estabilidade dos mercados internacionais.
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