Bitcoin ainda vale a pena em 2025? Para Felipe Escudero, a resposta é sim, mas por motivos que vão além da valorização de curto prazo. No BM&C Cryptocast, o criador do canal BitNada defendeu que o Bitcoin deve ser encarado como uma reserva de valor e uma proteção contra a perda de poder de compra do dinheiro estatal.
Segundo Escudero, “o melhor momento da história para se ter Bitcoin é hoje”. Para ele, a lógica do investimento não deve se apoiar apenas em ciclos de alta ou na tentativa de prever o melhor timing do mercado. “O real se desvaloriza ano após ano. Já o Bitcoin, mesmo com quedas históricas, tende a recuperar e ampliar seu poder de compra no longo prazo.”
Inflação e desvalorização: o argumento filosófico por trás do Bitcoin
Durante o programa, Escudero comparou a performance do real desde o início do Plano Real com a do Bitcoin. Enquanto o real perdeu cerca de 86% do poder de compra desde 1994, o Bitcoin, mesmo sujeito a quedas bruscas, acumulou enorme valorização desde seu surgimento em 2009.
“A inflação é, na prática, o próprio Estado dizendo que vai desvalorizar seu dinheiro como meta. Por que manter um dinheiro que o próprio emissor desvaloriza?”, questiona o economista, destacando o caráter descentralizado do Bitcoin como um diferencial.
“Bitcoin é um estoque preventivo, como latas de atum no armário”
Para além do retorno financeiro, Felipe defende a posse de Bitcoin como um mecanismo de proteção pessoal e liberdade econômica. Ele compara o ativo digital ao estoque de alimentos mantido por avós e familiares em tempos de incerteza: “Você pode não usar, mas sabe que está lá se precisar”.
Com a possibilidade de sanções, crises políticas ou desvalorização cambial, o Bitcoin, na visão de Escudero, funciona como um seguro alternativo fora do sistema tradicional. “É o único dinheiro que você pode carregar sem depender de banco, Estado ou fronteiras.”
Cripto e política: riscos, manipulação e amadurecimento do bitcoin
O programa também abordou os casos de manipulação no mercado de criptoativos, como o episódio envolvendo o presidente da Argentina, Javier Milei, que divulgou uma moeda digital e depois apagou o post, levantando suspeitas de golpe. “Há uma indústria por trás dos tokens que usam influenciadores para inflar valores e aplicar pump and dump. Isso ainda acontece porque o mercado não está maduro o suficiente”, alerta Escudero.
Ele também comentou sobre a crescente influência política no universo cripto, inclusive com o presidente Donald Trump anunciando a criação de sua própria stablecoin, a USDO. “O que antes era um movimento contra o Estado agora está sendo absorvido por ele. E isso muda a dinâmica da descentralização”, explica.
Stablecoins e financiamento do Estado: a nova corrida do ouro
Felipe também analisou a estratégia do governo americano em adotar stablecoins lastreadas em dólar como forma de ampliar o financiamento interno. Com a aprovação do Genius Act, novas regras devem obrigar emissores dessas moedas a aplicar boa parte dos recursos em títulos do Tesouro americano.
“O governo americano entendeu que a emissão de stablecoins pode ser uma forma de financiamento descentralizado. Pequenos investidores do mundo todo podem, indiretamente, emprestar dinheiro ao Tesouro dos EUA, sem depender de bancos ou governos estrangeiros”, explica.
Atenção aos golpes e à segurança digital
Ao final do episódio, o alerta é claro: o mercado de criptoativos continua vulnerável a fraudes e golpes digitais. Escudero e o apresentador ressaltaram a importância de manter os ativos em hard wallets e nunca compartilhar informações sensíveis. “Privacidade é diferente de ilegalidade. É um direito fundamental”, afirma.
Eles destacam ainda o avanço dos crimes digitais e a importância de regulamentações que ajudem os órgãos de segurança a rastrear movimentações ilegais sem comprometer a liberdade dos investidores honestos.