A Totvs anunciou nesta terça-feira (22) a aquisição da Linx por R$ 3,05 bilhões, encerrando uma disputa iniciada em 2020 com a Stone. O negócio, que ainda depende de aprovação do Cade, representa o maior movimento de fusão e aquisição da história da companhia fundada por Laércio Cosentino, superando a compra da RD Station em 2021 por R$ 1,8 bilhão.
Com essa operação, a Totvs reforça sua presença no varejo e amplia a oferta de soluções de gestão, unindo forças com uma empresa considerada referência no setor. A Linx tem forte atuação em subsegmentos específicos do varejo, como farmácias e postos de combustíveis, enquanto a Totvs é dominante em áreas como supermercados, indústria e serviços.
Totvs compra um ativo estratégico e disputado
“A Linx sempre foi muito disputada no mercado, um ativo de altíssima qualidade e pioneiro em digitalização fiscal, tributária e de meios de pagamento”, afirma Marco Saravalle, CIO da MSX Invest. Para ele, embora o valor pago ainda represente múltiplos altos, cerca de 2,7 vezes receita e mais de 12 vezes o Ebitda, a transação atual é significativamente mais vantajosa do que os R$ 6,7 bilhões desembolsados pela Stone em 2020. “É uma aquisição cara para os padrões atuais, mas muito mais justa. Agora, a Totvs precisa entregar sinergias e expansão de receita para justificar esse preço”, avalia.
Saravalle destaca que a aquisição é estrategicamente acertada, principalmente diante das transformações em curso no setor, como Pix parcelado e a chegada do Drex. “São movimentos que a Linx está bem posicionada para surfar.”
Totvs compra Linx: sinergias e consolidação de mercado
Na visão de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, o movimento da Totvs consolida uma das aquisições mais relevantes do setor de tecnologia no país. “Reflete uma tendência clara de grandes companhias de software: busca por escala, integração de soluções e ampliação da base de clientes em segmentos complementares”, afirma.
Lima ressalta que o mercado tende a interpretar o anúncio como positivo, uma vez que elimina incertezas e abre caminho para ganhos operacionais. “A combinação das operações permite uma oferta mais robusta, com alto potencial de cross-sell. Para os investidores, é um clássico case de consolidação setorial com viés de crescimento.”
Segundo ele, a geração de valor virá do aumento de eficiência, ganho de escala e expansão de margens.
Termos da transação da compra da Linx pela Totvs
A Linx será vendida com caixa zerado. Como a empresa possui caixa líquido estimado em R$ 360 milhões, a Stone, na prática, receberá R$ 3,41 bilhões, já que manterá os valores acumulados até a conclusão da operação. Parte do montante deve ser direcionada à continuidade do programa de recompra de ações da companhia, que movimentou R$ 2 bilhões nos últimos 12 meses. A Totvs usará recursos próprios e poderá emitir dívida para financiar o negócio. Os múltiplos da operação são considerados altos para o cenário atual, mas justificáveis diante da complementariedade dos negócios e do potencial de sinergias.
Além da venda da Linx, a Stone também anunciou a alienação da SimplesVet para a Petlove, por R$ 140 milhões. A expectativa é que outros ativos de software, como a plataforma Reclame Aqui (50% controlada pela Stone), também sejam vendidos nos próximos meses. A Totvs, porém, não tem interesse nas demais operações.