A recente especulação em torno de uma possível demissão do presidente do Fed, Jerome Powell, por Trump, tem gerado intensos debates no cenário econômico. Bruno Corano, economista entrevistado, analisa os riscos associados a essa decisão e seus potenciais impactos nos mercados financeiros e na economia global.
“Trump possui, de fato, o poder de demitir o presidente do Fed, mas essa é uma ação que pode desencadear sérias repercussões tanto legais quanto financeiras,” explica Corano. A independência do Federal Reserve é um pilar fundamental para a credibilidade da política monetária nos Estados Unidos. A demissão de Powell poderia ser interpretada como uma tentativa de interferência política, o que levantaria preocupações sobre a autonomia do banco central em sua missão de controlar a inflação e promover o emprego.
Incertezas sobre o FED causa volatilidade
A incerteza sobre a liderança do Fed pode causar volatilidade nos mercados financeiros. “Os investidores tendem a reagir negativamente a essa instabilidade, o que pode levar a flutuações abruptas nas taxas de juros e no valor do dólar,” alerta Corano. Uma mudança repentina na liderança poderia afetar a confiança do consumidor e dos investidores, e, consequentemente, o crescimento econômico. O poder de influência do Fed sobre as taxas de juros e a política monetária é crucial para a estabilidade econômica global, e qualquer alteração nesse cenário pode repercutir em outras economias.
O mercado financeiro, por sua vez, já começou a mostrar sinais de preocupação. “Os índices de ações podem ver um declínio, especialmente se o mercado interpretar a demissão como um sinal de que o Fed pode mudar seu enfoque em relação à política monetária,” diz Corano. A possibilidade de um aumento nas taxas de juros como resposta a uma eventual instabilidade política pode desestimular o investimento e aumentar o custo do crédito, criando um efeito dominó na economia.
Além do FED, fiscal também merece atenção
Além das questões relacionadas à demissão de Powell, a política fiscal do governo também merece atenção. O aumento da dívida pública e a necessidade de estímulos econômicos em um cenário de recuperação pós-pandemia trazem desafios adicionais para a administração fiscal. “A forma como o governo lida com a política fiscal pode influenciar diretamente o trabalho do Fed e suas decisões sobre a taxa de juros,” acrescenta o economista.
Diante de um ambiente de incerteza, os investidores devem reavaliar suas estratégias. Corano recomenda a diversificação e a consideração de ativos que possam se beneficiar de um aumento das taxas de juros. “Investimentos em títulos de renda fixa podem se tornar mais atraentes, enquanto ações de setores que dependem de crédito podem enfrentar desafios,” conclui.