A Pipefy, empresa brasileira de tecnologia especializada em automação de processos, está passando por uma transformação estratégica com foco em inteligência artificial. Segundo o CFO e vice-presidente de parcerias da companhia, André Agra, o crescimento acelerado e a consolidação no mercado norte-americano colocam a empresa na rota de uma abertura de capital nos Estados Unidos até 2028.
“A gente pretende abrir capital seguindo essa toada de crescimento. Se conseguirmos atingir entre 100 a 150 milhões de dólares de receita recorrente anual nos próximos dois a três anos, vamos estar super preparados para isso”, afirmou Agra, em entrevista ao programa Business, da BM&C News. Assista ao programa na íntegra aqui.
Atualmente, a empresa registra aproximadamente US$ 50 milhões em ARR (receita recorrente anual) e tem 20% a 25% dessa receita proveniente do mercado americano. O objetivo é ampliar essa participação para 40%, o que reforçaria a tese de internacionalização da operação e aumentaria a atratividade da empresa para investidores estrangeiros.
Da automação à era dos agentes de IA
Fundada em 2015, a Pipefy nasceu com o propósito de ser uma empresa global. Com um modelo no-code e low-code, sua plataforma permite que áreas de negócios automatizem fluxos de trabalho sem depender da equipe de TI. A mais recente aposta da companhia é o uso de agentes de inteligência artificial para automatizar tarefas e tomar decisões dentro dos fluxos de trabalho das empresas.
“Hoje, a gente nem se posiciona mais como uma empresa de automação de processos. A gente é uma empresa de agentes de IA”, afirmou Agra. Ele explica que a empresa já acumulava 10 anos de dados estruturados de processos e, com a chegada da IA generativa, foi possível usar esse conhecimento para criar automações a partir de comandos em linguagem natural.
Um dos principais casos de uso é com a Accenture, que utiliza 450 agentes de IA desenvolvidos pela Pipefy em operações de BPO. Segundo Agra, isso resultou em uma redução de custos de até 60%, comprovando o retorno sobre o investimento.
Apesar da atuação internacional e da matriz jurídica nos Estados Unidos, a base operacional da Pipefy continua no Brasil. “Temos um pouco mais de 400 colaboradores e 90% são brasileiros. A gente tem muito orgulho disso”, destacou Agra.
A empresa possui sede em Curitiba, um hub de inovação em São Paulo, e escritório de vendas em São Francisco. A estratégia de atuação global com operação em reais e faturamento em dólares gera um diferencial financeiro relevante: “Isso cria um hedge natural pra gente”, explicou o executivo.
Caminho até o IPO
A Pipefy já recebeu mais de US$ 150 milhões em investimentos, incluindo rodadas com grandes fundos internacionais e o fundo japonês SoftBank, que liderou a Série C. Segundo Agra, a empresa já atingiu o breakeven (ponto de equilíbrio financeiro) e está pronta para seguir crescendo com rentabilidade.
“Somos uma empresa que tem responsabilidade com os investidores. O IPO é parte natural dessa trajetória”, disse.
O plano da Pipefy é manter a operação equilibrada, mas já planeja identificar novos gatilhos de crescimento para reinvestir parte do caixa disponível. “Nosso crescimento vai ser baseado em IA. O grande desafio agora é fazer com que nossos clientes adotem agentes de IA nas suas organizações”, afirmou.
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