Quatro produções premiadas ou destacadas no Festival de Cannes de 2025 estão prestes a chegar ao circuito de arte brasileiro, ampliando a oferta de narrativas globais no país. Esses títulos, adquiridos recentemente pela Retrato Filmes, abordam diferentes temas e estilos, reforçando o intercâmbio entre o cinema internacional e o público nacional. Entre eles, encontra-se Sirât, dirigido por Óliver Laxe, que conquistou o Prêmio do Júri graças à sua estética contemplativa e abordagem singular. Ao lado dessa obra, os longas Two Prosecutors, Woman and Child e Sorda complementam a proposta ao trazer olhares distintos para questões sociais, familiares e históricas.
A escolha desses filmes reflete a busca por produções que ultrapassam os limites dos grandes centros, oferecendo experiências variadas ao espectador. O circuito alternativo, por meio dessas aquisições, se torna mais plural e recebe produções de países como França, Ucrânia, Irã e Espanha. O anúncio do lançamento no Brasil gera interesse, especialmente entre cinéfilos e apreciadores de cinema autoral, pela oportunidade de acesso a obras pouco vistas fora dos festivais internacionais.
Sirât: o que esperar do road movie premiado em Cannes?
Sirât se destaca no cenário dos lançamentos por reunir elementos visuais marcantes com uma narrativa introspectiva. A trama apresenta a jornada de um pai e seu filho no Marrocos, atravessando o deserto em busca de uma filha ausente que se envolve com festas clandestinas. Óliver Laxe constrói uma atmosfera de contemplação, marcada por longos silêncios, paisagens imersivas e trilha eletrônica que dialoga com a vastidão árida do ambiente. O resultado é um filme que provoca uma experiência sensorial intensa, sendo frequentemente descrito pela crítica como uma metáfora sobre limites humanos e transformações pessoais.
O reconhecimento em Cannes reforça a vaga de Sirât no circuito nacional, despertando curiosidade sobre formas alternativas de se abordar questões familiares e existenciais. O Prêmio do Júri, um dos mais importantes da mostra, consolida o interesse por essa produção no mercado brasileiro, onde sua abordagem minimalista e poética tende a atrair espectadores em busca de narrativas diferenciadas.

Quais são os temas centrais de Two Prosecutors e Woman and Child?
Dois outros títulos presentes nessa seleção, Two Prosecutors e Woman and Child, exploram temas sociais e históricos a partir de contextos muito particulares. Two Prosecutors, filme dirigido pelo ucraniano Sergei Loznitsa, transporta o público para a era de Stalin, abordando as distorções do sistema judiciário em casos de perseguição política. A trama acompanha o desafio ético de um jovem promotor diante de um prisioneiro inocente, desenvolvendo-se em um clima de tensão e crítica à institucionalidade vigente do período. O longa não recebeu premiação em Cannes, mas foi destaque entre os críticos pelo tratamento sóbrio e detalhado do tema.
Por sua vez, Woman and Child, assinado por Saeed Roustayi, mergulha no cotidiano de Mahnaz, uma enfermeira iraniana que enfrenta dificuldades ao criar o filho após a viuvez, além de novos dilemas relacionados à reconstrução da família. No percurso, a personagem lida com um acidente marcante, revelando as nuances de superação e força feminina quando confrontada com mudanças abruptas. O filme chama atenção pela delicadeza com que aproxima o espectador dos desafios diários de uma mãe e de seu adolescente, situando-os em um Irã contemporâneo e realista.
Sorda: como a empatia e a representatividade impactam o cinema?
A produção Sorda, dirigida por Eva Libertad, também integra o catálogo recente da distribuidora após ter conquistado o Prêmio do Público no Festival de Berlim. O longa espanhol chega ao Brasil envolto na expectativa da receptividade positiva vivida em Berlim, onde a narrativa se destacou pelo olhar empático e pela abordagem acessível. Mesmo sem ter participado da competição oficial de Cannes, a obra ganhou projeção pela forma com que constrói laços com o público, propondo debates sobre inclusão e representatividade em uma linguagem simples e envolvente.
- Participação em festivais: Cannes e Berlim
- Direções autorais: aberturas para narrativas de diferentes continentes
- Temas universais: justiça, família, busca pessoal e empatia
A chegada desses filmes indica tendência de valorização de temáticas ligadas à diversidade e ao fortalecimento de vozes pouco convencionais no cenário cinematográfico brasileiro.
Quando os filmes estarão disponíveis ao público brasileiro?
O lançamento nacional do longa Sirât está agendado para o final de julho de 2025, com exibições especiais acompanhadas de debates com o diretor em algumas salas, como o Cinema Nimas, no Rio de Janeiro, logo no início de agosto. Os outros títulos seguem sem data oficial confirmada, porém há expectativa de que sejam distribuídos nos próximos meses, ampliando o acesso ao público interessado em cinema de autor.
Com a exibição dessas produções no Brasil, o cenário do cinema de arte se renova ao oferecer experiências variadas e estimular debates sobre questões universais. O público brasileiro, por sua vez, tem a oportunidade de acompanhar de perto o que há de mais contemporâneo nos principais festivais do mundo, fortalecendo o diálogo entre culturas e incentivando novas formas de olhar para o cinema.