A recente imposição de tarifas por parte do governo Trump sobre o Brasil reacendeu debates sobre a postura protecionista da economia brasileira. Segundo o economista Marcos Lisboa, o Brasil, ao longo das últimas décadas, tem se mantido em um caminho isolado no comércio internacional, adotando práticas que o colocam em confronto com a dinâmica global de liberalização comercial.
Em entrevista à BM&C News, Lisboa diz que a medida é um reflexo direto da postura protecionista adotada pelo Brasil ao longo dos últimos 30 anos. “O governo americano está copiando o que o Brasil fez durante muito tempo. Agora, temos um disparate que o governo americano está fazendo”, comentou. O economista, que é autor de diversos livros de economia e que ocupou a função de secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, de 2003 a 2005, afirma ainda que a medida do governo Trump é absurda e desproporcional, mas pode ser vista como consequência lógica de um país que se fechou ao comércio internacional. “Não apenas nossas tarifas são muito mais altas que as de outros países, como a gente adota uma série de normas técnicas que, por vezes, inviabilizam o comércio internacional”, afirmou.
De acordo com Lisboa, essas práticas protecionistas têm sido uma constante nas políticas brasileiras, gerando um ambiente que favorece a produção interna, mas ao mesmo tempo dificulta a inserção do país nas correntes comerciais internacionais. “O Brasil deveria seguir na onda do resto do mundo e deixar o resto do mundo dialogar. O mundo inteiro está sendo afetado por esse disparate, mas o Brasil não tem lugar de fala”, disse Lisboa, reforçando que, em vez de reagir isoladamente, o Brasil deveria buscar se alinhar com as economias que estão negociando e moldando o futuro das cadeias globais de valor.
Guerra comercial Brasil X EUA
Lisboa diz ainda que as tarifas impostas pelo governo Trump ao Brasil, embora controversas, são uma resposta a uma estratégia de fechamento que o país escolheu seguir desde os anos 1980: “O Brasil fez uma escolha consciente de se manter fechado. Enquanto o resto do mundo se abria para os mercados globais, o país permaneceu isolado, optando por tarifas mais altas e uma série de normas técnicas que dificultam o comércio”. Essa escolha, segundo o economista, remonta ao fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, quando outros países emergentes começaram a derrubar suas tarifas e integrar suas economias às cadeias globais de valor.
Reformas e abertura ao comércio global
A saída para essa tensão, de acordo com o economista, não está em simplesmente contestar as tarifas impostas pelos Estados Unidos, mas em adotar uma postura mais aberta e integrada ao comércio global. Para Lisboa, o Brasil precisa reconhecer as falhas de sua política econômica de isolamento e dar início a reformas estruturais que permitam uma maior integração do país ao mercado internacional.
“Para que o Brasil possa crescer de forma sustentável, precisamos abandonar essa ideia de um mercado protegido e começar a adotar práticas comerciais mais abertas”, afirmou Lisboa, sugerindo que a modernização da economia brasileira passa pela redução das tarifas e pela adoção de normas técnicas que não impeçam o fluxo de bens e serviços entre as nações.
Lisboa acredita que o Brasil, se seguir o exemplo de outros países emergentes que abriram suas economias e derrubaram tarifas, pode alcançar um crescimento mais robusto e duradouro, além de melhorar sua competitividade no mercado global. “O mundo está mudando, e o Brasil precisa mudar com ele, ou continuará perdendo oportunidades valiosas”, concluiu.
O Desafio de Superar o Protecionismo
A análise de Marcos Lisboa é clara: o Brasil precisa abandonar o protecionismo e buscar um novo caminho de integração com os mercados internacionais. As tarifas impostas por Trump são apenas uma consequência da escolha do Brasil de se manter fechado ao comércio global. Para que o país tenha um futuro mais próspero e competitivo, é necessário adotar uma política econômica que permita uma maior abertura, modernização e participação nas correntes comerciais globais. Sem essas mudanças, o Brasil continuará a enfrentar obstáculos significativos em sua jornada rumo a um crescimento sustentável e a uma maior inserção no mercado mundial.
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