Brasil foi colocado no centro de um novo embate geopolítico, mas não por mérito próprio. A imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, como café, carne e suco de laranja, não é apenas uma ação comercial, mas um reflexo de um jogo mais amplo de poder político. Marcus Vinícius de Freitas, professor de Relações Internacionais, afirmou: “Essa tarifa representa uma tentativa de dividir e conquistar o Brasil, com a motivação política e econômica por trás da medida de Donald Trump.” Em uma era onde o comércio se transforma em guerra, a diplomacia se reduz a uma retórica nas redes sociais, e o Brasil tenta navegar em um cenário onde sua influência internacional parece diminuída.
A disputa não se limita ao Brasil. Os EUA, sob a liderança de Trump, têm adotado uma postura cada vez mais isolacionista e protecionista, impondo tarifas a aliados e países considerados rivais. De acordo com Freitas, “essa postura é uma resposta a uma estratégia interna dos EUA para aliviar suas próprias dificuldades econômicas, como uma elevada dívida interna e um orçamento deficitário.” O professor destaca que, ao aplicar essas tarifas, Trump busca não apenas gerar receitas, mas também pressionar empresas americanas a retornarem para os EUA, estimulando a produção interna e a inovação. No entanto, essa tática tem gerado divisões no sistema internacional, com países como a China e a União Europeia resistindo às imposições.
Brasil no contexto atual
Dentro desse contexto, o Brasil está sendo utilizado como um pretexto simbólico, não por ser o maior alvo, mas por ser o elo mais fraco em uma disputa maior entre potências, como o BRICS e os EUA. Freitas alerta que, ao ser colocado no centro dessa guerra comercial, o Brasil corre o risco de se tornar uma marionete nas mãos de potências externas, sem uma política externa bem definida ou um plano estratégico a longo prazo. “Sem uma estratégia de longo prazo, o Brasil continuará à mercê de decisões externas que moldam sua economia e sua posição no mundo“, disse ele. A falta de uma política nacional consistente e de um empresariado forte, capaz de projetar o poder do Estado no cenário global, coloca o Brasil em uma posição vulnerável.
Apesar dos desafios, Freitas acredita que o Brasil tem uma oportunidade de redefinir sua posição internacional. “O Brasil precisa ser disruptivo, agregar valor naquilo que produz e buscar alternativas estratégicas“, destacou o professor. Em vez de depender apenas de uma diplomacia tradicional, o país deve buscar alternativas disruptivas, como o fortalecimento de seu comércio com o Sudeste Asiático e a diversificação de seus parceiros comerciais.
A chave para o futuro do Brasil será a criação de um plano nacional claro, que envolva não apenas a diplomacia, mas também a educação, segurança e uma política econômica voltada para o fortalecimento do capitalismo nacional. “A falta de um plano claro pode deixar o Brasil à mercê dos interesses internacionais.”