Investigações recentes da Polícia Federal revelaram um esquema sofisticado de fraude contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que teria causado perdas superiores a R$ 30 milhões aos cofres públicos ao longo de mais de uma década. Operações deflagradas em 2025 apontaram uma organização criminosa composta por servidores públicos, correspondentes bancários e especialistas em tecnologia, todos voltados a burlar mecanismos de segurança ligados ao pagamento de benefícios assistenciais, especialmente o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS).
As ações da chamada “Operação Fraus” ocorreram em diferentes cidades do estado do Rio de Janeiro, por determinação da Justiça Federal. Foram cumpridos mandados de busca em endereços residenciais e comerciais relacionados aos suspeitos, com a apreensão de documentos, veículos, dinheiro, além de armas e dispositivos eletrônicos, elementos considerados essenciais para avançar nas apurações. Os fatos vieram à tona após monitoramento e análise de movimentações financeiras atípicas envolvendo recursos destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Como o esquema de fraude contra o INSS foi identificado?
A polícia identificou o grupo após detectar padrões incomuns no volume de solicitações do BPC, um benefício voltado a idosos acima de 65 anos ou pessoas com deficiência em condição de baixa renda. O esquema utilizava informações de beneficiários, obtidas por meio de acessos não autorizados ao sistema do INSS, para alimentar centenas de pedidos fraudulentos em nomes de terceiros. De acordo com estimativas, nos últimos seis meses investigados, apenas essas solicitações já representaram mais de R$ 1,6 milhão em prejuízos para a Previdência Social.
Entre os principais nomes envolvidos, estava um indivíduo apelidado de “Professor” ou “Rei do Benefício”, apontado como responsável por ensinar integrantes do grupo a utilizar indevidamente plataformas restritas do INSS. A organização demonstrava atuação coordenada, contando inclusive com membros responsáveis por abrir contas bancárias fictícias para o depósito dos valores desviados. Em vários casos, a quantidade de solicitações ultrapassava a capacidade do grupo de formalizar os saques, levando à suspensão de alguns benefícios por falta de movimentação.
Quais são as consequências do esquema para os beneficiários do BPC/LOAS?
O BPC/LOAS tem como objetivo assegurar uma renda mínima para pessoas em situação de vulnerabilidade, porém, com a prática de fraudes, muitos que realmente necessitam ficam prejudicados. O expressivo número de fraudes gera não apenas prejuízos financeiros, mas também sobrecarga nos sistemas de análise de benefícios assistenciais. Com o alto volume de pedidos fictícios, o atendimento aos cidadãos legítimos torna-se ainda mais demorado, dificultando o acesso ao benefício para quem realmente dele depende.
- Sobrecarga nas análises do INSS
- Dificuldade de acesso ao benefício por parte de quem tem direito
- Redirecionamento indevido de fundos públicos
As investigações também apontam para o envolvimento de servidores que, ao ter conhecimento privilegiado e acesso a sistemas internos, colaboraram para o sucesso do esquema. Isso demonstra a necessidade de constante vigilância e atualização de mecanismos de controle de dados sensíveis dentro de órgãos públicos.

O que é o BPC/LOAS e quem tem direito ao benefício?
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é uma garantia de um salário mínimo mensal para pessoas com 65 anos ou mais e indivíduos com deficiência, independentemente da idade, desde que comprovem não haver meios de manutenção própria. O valor em 2025 corresponde a R$ 1.518, pago mediante avaliação social e médica, além da análise da renda familiar per capita, que deve ser inferior a um quarto do salário mínimo nacional.
- Pessoas a partir de 65 anos de idade
- Pessoas com deficiência, sem limite mínimo de idade
- Famílias cuja renda por pessoa não ultrapassa 1/4 do salário mínimo
Para garantir o acesso ao benefício, é necessário estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). O objetivo é evitar que fraudes afetem justamente quem mais precisa, reforçando a importância de critérios rigorosos e transparência na concessão.
Como as autoridades têm atuado para combater fraudes no INSS?
A atuação integrada entre a Polícia Federal, o Ministério da Previdência Social e setores de inteligência da própria pasta tem sido fundamental para identificar irregularidades e aprimorar sistemas de proteção contra fraudes. A partir de relatórios detalhados oriundos da Coordenação-Geral de Inteligência da Previdência Social, diversas operações foram desencadeadas, promovendo a busca de provas, o bloqueio de pagamentos suspeitos e o aprimoramento do controle de acesso a dados confidenciais.
Além do trabalho preventivo, o INSS e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social reforçam a necessidade de denúncias por parte dos cidadãos sempre que houver suspeita de irregularidades. A busca pela integridade do sistema assistencial é contínua, exigindo investimento em tecnologia, treinamento de servidores e acompanhamento rigoroso dos processos de concessão de auxílio.
O caso evidenciado em 2025 demonstra a importância de aprimorar mecanismos de segurança nos pagamentos sociais, protegendo pessoas em situação vulnerável e promovendo o uso adequado dos recursos públicos. O combate a fraudes no INSS permanece como prioridade estratégica para preservar direitos e garantir sustentabilidade à assistência social no Brasil.