O Avenue Connection 2025, realizado em São Paulo, proporciona um ambiente de debates enriquecedores sobre o futuro dos investimentos, a volatilidade global e os impactos das novas regulamentações tributárias. No segundo dia do evento, os painéis deram o tom das discussões, trazendo especialistas de peso para analisar cenários globais, o papel da tecnologia, as tendências em renda fixa internacional e como a tributação de investimentos no exterior impacta diretamente os investidores brasileiros.
Avenue Connection: FGV e Anbima apontam impacto do câmbio no consumo
O primeiro painel do dia, moderado pelo Prof. Ricardo Rochman, Coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), e Tatiana Itikawa, Superintendente de Representação de Mercados da Anbima, trouxe à tona a relevância da diversificação internacional para o investidor brasileiro. Rochman destacou que “instabilidades domésticas trazem risco para quem deixa o dinheiro somente no Brasil” e defendeu que o investimento no exterior é positivo, pois diversifica a exposição ao risco. Segundo ele, “falta educação e formação básicas para o brasileiro entender que investir no exterior é seguro“.
Ele ainda alertou sobre o impacto da dolarização do consumo no Brasil, que está cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros. Rochman também comentou sobre a dificuldade que muitos investidores enfrentam ao entender o câmbio, considerando-o mais seguro do que outras alternativas, como o Bitcoin, apesar de sua volatilidade.
Tatiana Itikawa da Anbima complementou destacando as iniciativas de educação financeira, como cursos especializados sobre investimentos no exterior, com o objetivo de “facilitar o entendimento das regras internacionais para o investidor brasileiro“. Ela reforçou que “a internacionalização é uma agenda muito forte dentro da associação” e que, apesar dos desafios, o Brasil está avançando na regulação de investimentos globais.
Itaú traça cenário global para 2025 no Avenue Connection
O painel seguinte, com Nicholas McCarthy, estrategista-chefe de investimentos do Itaú Unibanco, focou nas perspectivas globais para 2025. McCarthy destacou cautela a olhar para o Brasil, e alertou que “é difícil crescer mais de 2,4% sem gerar inflação”, indicando que a economia brasileira enfrenta desafios internos significativos. Ele também comentou sobre a política monetária global, ressaltando que “os EUA estão longe de entrar em recessão“, mas que o país continua com juros elevados por mais tempo. McCarthy lembra que “as recessões nos EUA só ocorreram quando as poupanças estavam negativas”, algo que não é o caso no momento, dado o poder aquisitivo elevado dos consumidores americanos.
O estrategista também abordou a importância do crescimento da China, que deverá anunciar pacotes de estímulo para o consumo interno. Em relação ao Brasil, ele enfatizou que o câmbio e a inflação precisam ser cuidadosamente monitorados para que o Banco Central possa começar a reduzir as taxas de juros no segundo semestre de 2025.
Investimentos em Tecnologia: IA e inovação são temas do Avenue Connections
Com a crescente importância das tecnologias disruptivas, também foi discutido como a Inteligência Artificial (IA) está se tornando uma realidade para o investidor brasileiro. Os palestrantes discutiram a transformação tecnológica e as oportunidades de alocação em IA, que devem atrair mais investidores para o setor de tecnologia. O evento traz que a inteligência artificial não só aprimora o processamento de dados, mas também redefine como as informações são apresentadas ao cliente, tornando o processo mais eficiente e dinâmico.
Henry Conceição, CTO e co-fundador da Avenue, destacou a transformação que a inteligência artificial e as novas tecnologias estão trazendo para o mercado financeiro. Segundo Conceição, a tecnologia tem potencial para humanizar ainda mais a jornada do investidor, proporcionando uma interação mais fluída entre cliente e plataforma. Ele acredita que “as ferramentas tecnológicas vão expandir as fronteiras, permitindo uma interação mais natural e eficiente, como conversas por óculos inteligentes ou a possibilidade de dividir pagamentos diretamente“.
A aceleração da inovação também impacta a forma como as empresas processam informações, oferecem conteúdo e gerenciam os dados dos clientes. Para o CTO, as empresas que não se adaptarem a esse avanço tecnológico vão ficar para trás, pois “quem não acompanhar essa evolução será naturalmente excluído, uma verdadeira seleção natural“. A IA e a inovação tecnológica, portanto, não são apenas tendências, mas instrumentos chave para aumentar a produtividade, qualidade e agilidade dos serviços financeiros, algo essencial para a sustentabilidade dos negócios no futuro próximo.
Avenue Connection 2025: Renda Fixa também é tema do evento
O último painel do dia abordou a evolução dos investimentos em renda fixa internacional, com o lançamento de bonds do G7 pela Avenue. Rodrigo Paiva, diretor de Renda Fixa da Avenue, anunciou que a empresa ampliou sua oferta com mais de 140 novos bonds de países do G7, como Canadá, França, Alemanha e Reino Unido. O objetivo é proporcionar aos investidores brasileiros a diversificação geográfica, oferecendo oportunidades de renda fixa com menor risco e maior liquidez.
Paiva também comentou sobre as mudanças no mínimo de aporte, que anteriormente variava entre US$ 5.000 e US$ 10.000, e agora é acessível a partir de US$ 1.000. Segundo Paiva, “isso abre um leque de opções de diversificação para investidores que, até pouco tempo atrás, não tinham acesso a esses produtos internacionais”.
Além disso, Paiva enfatizou que a liquidez alta desses produtos permite que os investidores saiam ou entrem nos ativos a qualquer momento, sem restrições significativas. O painel destacou como a Avenue continua a liderar a democratização de investimentos no exterior, com a acessibilidade e o melhor preço de execução garantido por meio de parcerias com grandes players do mercado.