O acidente envolvendo o voo 171 da Air India em Ahmedabad, ocorrido no começo de julho, desencadeou uma série de investigações sobre segurança aérea e operações de emergência durante voos comerciais. O Boeing 787 Dreamliner, idoso de 12 anos, caiu menos de 40 segundos após a decolagem, chamando atenção para procedimentos de cabine, confiabilidade dos equipamentos e possíveis falhas humanas ou técnicas.
De acordo com os primeiros relatórios, dois interruptores de combustível foram abruptamente posicionados em “cut-off”, desligando o fornecimento aos motores poucos segundos após a aeronave deixar o solo. O registro de cabine captou uma breve troca entre os pilotos, sugerindo incerteza sobre quem teria manipulado esses comandos. Tais dispositivos são dotados de travas que exigem movimentos específicos, dificultando a operação acidental, o que motivou questionamentos dos investigadores e especialistas em aviação.
O que dizem as caixas-pretas sobre o acidente do voo 171 da Air India?
As análises preliminares das caixas-pretas, especialmente do gravador de voz da cabine, são consideradas cruciais neste caso. As autoridades trabalham para identificar as vozes envolvidas e determinar a ordem exata das decisões tomadas segundos antes da queda. Espera-se que uma transcrição detalhada forneça pistas sobre as ações dos pilotos e se algum fator externo influenciou o procedimento com os interruptores de combustível.
O carregamento correto desses registros inclui, além dos diálogos, sons ambientais e todos os alertas emitidos pelo painel. Os especialistas também mencionam a importância potencial da instalação de gravadores de vídeo na cabine, tecnologia defendida por órgãos reguladores para auxiliar na identificação visual das ações de comando em situações críticas.

Quais possíveis falhas técnicas foram levantadas na investigação?
Entre as hipóteses técnicas, destaca-se o foco nos interruptores de combustível do Boeing 787-8, modelo envolvido no acidente. Embora projetados para evitar manuseio inadequado, foi relatado, em 2018, um alerta sobre a possibilidade de instalação desses componentes sem o recurso de bloqueio ativado. O alerta, de natureza consultiva, não resultou em diretriz obrigatória, levando operadores como a Air India a não realizarem verificações específicas. Apesar disso, não há indícios até o momento de que esse detalhe tenha causado o desligamento, mas a investigação segue considerando essa possibilidade.
Além desses fatores, a equipe investigativa descartou, inicialmente, problemas mecânicos nos motores GE GEnx-1B e eventuais falhas de combustível, com base em análises das amostras coletadas. O acionamento da Ram Air Turbine (RAT) — um gerador de emergência ativado quando há perda total de força dos motores ou sistemas hidráulicos críticos — foi confirmado, evidenciando quão abruptamente a energia essencial da aeronave foi comprometida.
Como a tripulação reagiu diante da emergência?
No momento imediatamente posterior à pane, os registros indicam que a tripulação tentou religar os motores voltando os interruptores de combustível à posição de funcionamento. Um dos motores começou a recuperar a potência enquanto o outro ainda não havia atingido força suficiente, demonstrando a sequência crítica de tentativas de recuperação durante a descida. O trem de pouso permaneceu na posição baixada, possivelmente porque, diante da emergência, os pilotos concentraram-se em tentar controlar a trajetória e buscar uma alternativa segura para pouso.
- O tempo entre a perda de potência e o impacto não proporcionou margem para manobras corretivas significativas;
- Prioridade foi dada à estabilização da aeronave, em vez de procedimentos convencionais, como recolhimento do trem de pouso;
- O foco dos pilotos estava nas tentativas de recuperação rápida da propulsão;
- Comunicações de rádio e respostas da cabine estão em análise para melhor compreensão da dinâmica do ocorrido.
Quais lições podem ser aprendidas com o acidente do voo 171?
Casos como o do voo 171 reforçam a necessidade de constante revisão nos protocolos de segurança operacional. Temas como clareza nas atribuições de cada piloto na cabine, adequação dos dispositivos de segurança, além de eventuais atualizações recomendadas por fabricantes e órgãos internacionais, voltam ao debate em situações de sinistro. Além disso, o episódio ressalta a importância da capacitação para respostas em contextos de estresse elevado e imprevisibilidade, elementos recorrentes em emergências aeronáuticas.
- O investimento em tecnologias de monitoramento, como gravadores de vídeo na cabine, pode fortalecer futuras investigações;
- A revisão permanente de boletins técnicos e sua adoção transparente por todas as companhias pode evitar falhas marginais ou negligenciadas;
- Simulações e treinamentos de emergência ganham mais relevância diante do tempo reduzido disponível para respostas em acidentes desse tipo.
Ainda em fase de investigação, o acidente de Ahmedabad representa um marco nos estudos sobre segurança de voo, lembrando que aprimoramentos contínuos em equipamentos, condutas e sistemas internos são pilares essenciais para a redução de riscos no transporte aéreo moderno.