As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump continuam a gerar discussões entre economistas e analistas de mercado, especialmente no que se refere à sua influência sobre a economia americana. Segundo Fábio Kanczuk, diretor de macroeconomia do ASA, essas tarifas têm o potencial de desacelerar os cortes de juros que o mercado esperava do Federal Reserve. “As tarifas criam incertezas que podem pressionar a inflação e atrasar a normalização da política monetária”, afirma Kanczuk.
Com a inflação em níveis elevados, o Fed enfrenta um dilema: como equilibrar a necessidade de redução da taxa de juros com a pressão inflacionária resultante das tarifas. Kanczuk observa que “o Fed pode hesitar em cortar juros de forma agressiva devido aos efeitos inflacionários. Isso sugere que a expectativa de cortes de juros pode ser mais longa do que o mercado projeta.
Tarifas de Trump e os impactos nos juros americanos
Uma das propostas mais controversas levantadas por Trump foi a de um corte de juros de 3 pontos percentuais. Kanczuk considera essa proposta irrealista, ressaltando que “um corte tão significativo não é viável sem riscos consideráveis para a economia”. Ele argumenta que uma redução tão acentuada poderia desestabilizar ainda mais o cenário econômico, exacerbando a inflação e gerando desconfiança nos investidores.
As tarifas não apenas impactam a economia dos Estados Unidos, mas também geram incertezas no cenário global. Kanczuk destaca que “as tarifas podem afetar as cadeias de suprimento internacionais e prejudicar as economias que dependem do comércio com os EUA”. A resposta das economias globais a essas pode, portanto, criar um efeito dominó, levando a uma desaceleração econômica em diversas regiões.
Diante desse cenário de incertezas, os investidores precisam ajustar suas estratégias. Kanczuk recomenda uma análise cuidadosa dos ativos afetados pelas tarifas e da exposição ao risco inflacionário. “Investidores devem considerar diversificar seus portfólios para mitigar os riscos associados às flutuações da política monetária e às pressões inflacionárias”, sugere o especialista.