Durante muitos anos, espalhou-se o mito de que os comunistas devoravam criancinhas. Essa narrativa surgiu após uma onda de fome que varreu a antiga União Soviética entre 1921 e 1925, durante a qual houve relatos de canibalismo – e foi revivida por outra crise de alimentos vivida pela China no início da década de 1960.
Em plena era digital, no entanto, os comunistas podem ser conhecidos por outro tipo de atividade – a de atacar criancinhas nas redes sociais. Foi o que se observou no último final de semana. Desta vez, porém, o ocorrido nada tem de lenda ou fantasia. Tudo começou quando Ana Paula Siebert, casada com o empresário e apresentador Roberto Justus, postou uma foto na qual sua filha de cinco anos aparecia segurando uma bolsa de grife.
Foi o suficiente para que uma série de comentários agressivos surgissem em reação à postagem. Alguns deles:
+ “Só guilhotina”
+ “Os bolcheviques estavam certos”
+ “Lugar de burguês é no paredão”
+ “Fuzilamento já!”
+ “A revolução não perdoa herdeiros”
Um dos autores dos comentários acima se apresenta como psicólogo, residente na Rússia e defensor de causas comunistas. Outro diz que é professor da UFRJ e se descreve como líder de um grupo de pesquisa marxista. Temos ainda mais uma usuária, que se identifica como “esquerdista e psicanalista”, também usando símbolos comunistas e uma estrela vermelha em seu perfil.
Vladimir Lênin (imagem) dizia o seguinte para seus seguidores: “A revolução não é um jantar de gala. É uma luta até a morte entre duas classes irreconciliáveis”. Embora muitos teóricos digam que Lênin se referia à eliminação da classe rica do círculo do poder, a história mostra que os aristocratas e burgueses foram assassinados pelos revolucionários de 8 de novembro de 1917. Talvez seja isso que desejam fazer aqueles que reagiram agressivamente à postagem de Ana Paula Siebert.
Vamos supor, a título de discussão, que seja errado colocar na rede social o instantâneo de uma criança segurando uma bolsa que custa mais de dez salários-mínimos. Isso é motivo para um ataque tão violento, que ameaça uma infante de cinco anos de idade?
O Brasil é um país de extremos e muitas vezes a riqueza excessiva pode ser chocante para quem vive modestamente. Mas isso não quer dizer que os abastados devam fazer um voto de pobreza para não incomodar aqueles que têm uma vocação ideológica diferente.
Esse tipo de reação ocorreria se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estivesse estimulando um confronto “ricos contra pobres”?
Talvez a mesma coisa pudesse acontecer – mas não nessa proporção. Os militantes de esquerda compraram essa briga de Lula e querem dar a impressão de que a população está indignada com a riqueza do andar de cima. No Brasil do Século 21, no entanto, os pobres querem ascender e ficar ricos. Esses brasileiros não odeiam quem têm dinheiro – eles querem, isso sim, também ficar ricos.
O Brasil precisa de união para crescer. Se houver uma aliança em torno do estímulo ao empreendedorismo e à livre iniciativa, nosso país vai decolar. Mas enquanto estivermos nesta briga anacrônica de “ricos contra pobres”, não iremos a lugar nenhum.