Nos últimos anos, tem crescido o número de relatos de golpes que utilizam dados de processos judiciais para enganar pessoas envolvidas em ações na Justiça. Conhecida como “golpe do falso advogado”, essa prática preocupa autoridades e profissionais do direito, especialmente no Distrito Federal, onde a Polícia Civil investiga vários casos recentes.
Criminosos conseguem acesso a informações detalhadas dos processos, incluindo nomes das partes, números dos autos, endereços e valores das causas. De posse desses dados, entram em contato com as vítimas se passando por representantes legítimos de conceituados escritórios de advocacia. O objetivo do contato é convencer a vítima a realizar pagamentos de supostas taxas ou honorários advocatícios, recorrendo a estratégias que aumentam a credibilidade da abordagem e dificultam a identificação do golpe.
Como os golpistas acessam os dados dos processos judiciais?
Grande parte das informações utilizadas por quem aplica o golpe está disponível em sistemas públicos de consulta processual, que podem ser acessados livremente por qualquer cidadão em muitos tribunais. Isso facilita o trabalho daqueles que agem de má-fé. Além disso, informações sensíveis podem ser compartilhadas, sem intenção, em redes sociais ou aplicativos de mensagens, o que aumenta ainda mais o risco de exposição.
Para aumentar a veracidade do contato, os criminosos, muitas vezes, usam nomes reais de advogados, logotipos similares aos de escritórios conhecidos e até fotos de profissionais verdadeiros. A combinação desses dados verídicos com elementos visuais autênticos torna a fraude mais convincente e dificulta que as vítimas percebam que se trata de um golpe.

Principais táticas utilizadas no golpe do falso advogado
O golpe geralmente segue um roteiro já conhecido: depois de identificar uma pessoa envolvida em processo judicial, o golpista entra em contato por telefone, e-mail ou aplicativos de mensagens, apresentando-se como membro do escritório responsável pelo caso. Na conversa, solicita o pagamento de custos processuais, taxas ou honorários, sempre sob alegação de urgência e, normalmente, por transferência bancária ou via PIX.
- Contato direto: Apresenta-se como o advogado responsável, usando dados reais para reforçar a confiança da vítima.
- Solicitação de pagamento: Pede transferências imediatas, com ameaças de prejuízo ou perda de prazos processuais.
- Elementos visuais autênticos: Envia documentos, logomarcas e imagens que simulam a identidade de escritórios ou profissionais reconhecidos.
- Pressão emocional: Cria cenário de urgência para evitar questionamentos e impedir que a vítima verifique a procedência da cobrança.
Como se proteger desses golpes?
A principal recomendação é nunca efetuar pagamentos sem ter certeza absoluta da identidade do solicitante. Sempre procure utilizar os canais oficiais informados no início do processo judicial ou estabelecidos em contrato.
- Confirme a identidade: Antes de qualquer transferência, entre em contato com o advogado ou escritório por meio dos canais informados previamente, não apenas utilizando os dados fornecidos no contato suspeito.
- Fique alerta a cobranças urgentes: Solicitações de pagamentos inesperadas e com prazos curtos devem ser vistas com desconfiança.
- Verifique as contas bancárias: Confirme se a conta bancária realmente pertence ao escritório ou profissional responsável antes de realizar qualquer depósito.
- Evite expor informações: Não compartilhe detalhes sobre o processo judicial em redes sociais, sites ou grupos de mensagens.
O que fazer ao identificar uma tentativa de golpe?
Se você suspeitar de fraude, não realize nenhum pagamento e entre em contato imediatamente com o advogado responsável pelo processo, utilizando apenas canais oficiais de comunicação. Procure também registrar boletim de ocorrência junto à Polícia Civil, o que pode contribuir para investigações e evitar novas vítimas.
O crescimento desse tipo de golpe alerta para a importância do cuidado ao lidar com informações judiciais e financeiras. Seguir as orientações da OAB e das autoridades policiais pode ajudar a reduzir o risco e garantir mais segurança para todas as pessoas envolvidas em processos judiciais.