A recente disputa entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no Brasil em torno da reoneração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) expõe uma crise institucional que pode impactar a confiança fiscal do país. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, enfatiza que “a resistência do governo em cortar despesas, enquanto recorre ao Judiciário para manter a arrecadação, gera um ambiente de incerteza para investidores“.
O governo federal enfrenta desafios significativos ao tentar equilibrar suas contas. Com uma dívida pública em crescimento e a pressão de manter a arrecadação, a administração atual mostra resistência em implementar cortes de gastos. “A falta de um ajuste fiscal claro e eficaz pode levar a um aumento da percepção de risco por parte dos investidores“, alerta Agostini. O uso do Judiciário para decisões fiscais é visto como uma solução temporária, mas que pode não resolver o problema estrutural da dívida.
Juros altos e o IOF
Com a taxa de juros elevada, a situação se torna ainda mais complexa. Agostini observa que “juros altos não apenas onera o setor público, mas também limita o acesso ao crédito para empresas e consumidores“. Essa realidade, somada à recente disputa sobre a reoneração do IOF, pode resultar em uma desaceleração econômica, já que o consumo e os investimentos tendem a cair em um cenário de custos financeiros elevados.
O cenário macroeconômico brasileiro se torna ainda mais preocupante com as eleições se aproximando. A instabilidade política e a falta de consenso entre os poderes podem levar a um aumento da volatilidade nos mercados. “A incerteza política, combinada com uma política fiscal não resolvida, pode acirrar a desconfiança dos investidores“, diz Agostini. O economista ressalta que é essencial que o governo busque um diálogo mais aberto com o Legislativo para evitar um agravamento da crise.
Diante desse cenário, os investidores devem adotar uma abordagem cautelosa. A diversificação de portfólios e a busca por ativos que ofereçam maior segurança são estratégias recomendadas. “Em tempos de incerteza, é vital ter uma visão clara das oportunidades e riscos, ajustando a exposição conforme as condições econômicas se alteram“, sugere o economista.
A combinação de altos juros, crescente dívida pública e um ambiente político instável exige que investidores estejam atentos às mudanças e prontos para adaptar suas estratégias.