Nos últimos dias, ao comentar a ação americana em atacar as instalações nucleares do Irã, e diga-se de passagem colocando fim ao conflito entre Israel e Irã, fui surpreendida por um fenômeno cada vez mais comum nas redes sociais: a defesa apaixonada de regimes autoritários disfarçadas de “solidariedade aos povos”.
Muitos atacaram o posicionamento dos Estados Unidos , acusando de imperialismo, intolerância ou alinhamento ideológico.
O curioso é que, ao fazerem isso, se dizem defensores do povo iraniano. Mas será mesmo?
Porque defender o Irã como Estado é uma coisa. Defender o povo iraniano é outra completamente diferente.
O Irã não é uma democracia. É um regime teocrático autoritário, onde mulheres são obrigadas a seguir um código moral imposto pelo Estado, jornalistas são presos por contar a verdade, dissidentes são enforcados em praça pública e jovens estudantes desaparecem por pedir liberdade. Basta “dar um Google” pra verificar esse tipo de prática, e assim parar de replicar discurso pronto de quem nunca estudou ou analisou o contexto.
Em 2022, o mundo assistiu à morte brutal de Mahsa Amini, presa por usar o véu “de forma inadequada”. Milhares de iranianos tomaram as ruas com o grito: “Mulher, Vida, Liberdade.” Eles não pediam uma guerra. Pediam o fim de uma opressão que dura décadas.
Pesquisas independentes feitas no exílio mostram que mais de 70% da população iraniana rejeita o atual regime. Mas o medo cala. E o silêncio, infelizmente, é confundido com consentimento.
O nome disso é ditadura. O que me chama atenção, é que em geral quem defende o Irã é o mesmo que temia a volta da Ditadura no Brasil. Minimamente curioso, tamanha contradição ideólogica.
Quando alguém aqui no conforto das redes sociais defende o regime iraniano em nome da “soberania”, precisa entender que está, na prática, defendendo os opressores e não os oprimidos.
A crítica à política externa americana é válida. Sempre será. Mas ignorar o contexto, o histórico, os abusos e o clamor silencioso de um povo inteiro é mais do que desonesto. É perigoso.
No fim das contas, o que me preocupa é a distorção da realidade em nome de uma suposta moral superior, é ver gente que se diz progressista, apoiando regimes que matam mulheres por tirarem o véu.