Em entrevista recente, o economista Álvaro Bandeira fez uma análise crítica sobre os principais desafios que moldam o cenário econômico global. Entre os temas centrais estão a inflação ainda resistente, a manutenção de juros elevados pelos bancos centrais e as incertezas fiscais e geopolíticas que vêm deteriorando a confiança dos investidores nos mercados internacionais.
Inflação continua como força dominante
Segundo Bandeira, o combate à inflação ainda está longe de ser concluído. “A inflação continua sendo uma força a ser enfrentada, e os bancos centrais, tanto aqui quanto lá fora, seguem adotando posturas mais cautelosas”, afirma.
Ele explica que, apesar de necessária, a manutenção de taxas de juros elevadas acaba impactando negativamente o ritmo da atividade econômica. “Os juros altos seguram a inflação, mas também desaceleram o crescimento, o que se torna um dilema constante para os formuladores de política monetária.”
Populismo fiscal amplia a incerteza e pressiona a inflação
O economista Álvaro Bandeira chama atenção para os riscos fiscais provocados por políticas populistas, que têm impacto direto sobre o comportamento o cenário inflacionário. Governos que ampliam gastos sem o devido controle acabam pressionando ainda mais os preços e dificultando o trabalho dos bancos centrais.
“O populismo fiscal preocupa. Os governos prometem muito e gastam demais sem pensar na sustentabilidade das contas públicas, o que pode agravar a inflação em vez de controlá-la”, afirma Bandeira.
Segundo ele, essa postura eleva o grau de incerteza no ambiente econômico e aumenta a percepção de risco. “O investidor global está mais avesso ao risco e busca segurança diante de tanta instabilidade fiscal, que só alimenta a inflação”, ressalta.
Instabilidade geopolítica e desconfiança no dólar agravam o cenário inflacionário
Na esfera internacional, Bandeira aponta que as incertezas geopolíticas têm contribuído para a volatilidade dos preços globais e afetam diretamente o comportamento da inflação em diversas economias.
“A desconfiança em relação ao dólar está crescendo. Isso tem impacto direto sobre o mercado financeiro internacional e na forma como os países estão diversificando suas reservas, o que pode gerar instabilidade cambial e alimentar a inflação”, alerta.
Demanda aquecida encontra limites diante da inflação global
Embora a demanda por serviços permaneça aquecida em alguns países, isso não é suficiente para sustentar o crescimento diante de uma inflação ainda elevada. O economista avalia que os riscos inflacionários seguem dominando o cenário macroeconômico.
“A demanda de serviços segue aquecida, mas não é capaz de compensar os demais problemas macroeconômicos e geopolíticos que estamos enfrentando, sobretudo a inflação”, destaca Bandeira.
Bancos centrais tentam conter a inflação sem sufocar o crescimento
Para conter a alta nos preços persistente, os bancos centrais adotam uma postura cautelosa, mas enfrentam o desafio de não asfixiar o crescimento econômico. A calibragem das taxas de juros se torna cada vez mais delicada.
“Os bancos centrais estão andando sobre uma corda bamba. Precisam evitar um colapso, mas também não podem matar o crescimento. O foco ainda é conter a inflação”, afirma.
Nesse contexto, investidores precisam lidar com um ambiente de volatilidade elevada e incerteza sobre os rumos da economia. “Vivemos um ambiente de elevada volatilidade. Quem investe precisa montar uma estratégia muito bem calibrada para minimizar riscos e proteger o portfólio”, conclui.