O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um dos principais instrumentos de assistência social no Brasil, destinado a garantir uma renda mínima para idosos de baixa renda e pessoas com deficiência. O programa, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), tem papel fundamental na proteção de grupos vulneráveis, assegurando o pagamento de um salário mínimo mensal para quem se enquadra nos critérios estabelecidos.
Atualmente, mais de 6,7 milhões de brasileiros recebem o BPC, sendo aproximadamente 2,7 milhões de idosos e cerca de quatro milhões de pessoas com deficiência. O benefício é concedido àqueles que comprovam renda familiar per capita inferior a um quarto do salário mínimo, sem necessidade de contribuição prévia ao INSS. Esse critério diferencia o BPC de outros benefícios previdenciários, tornando-o essencial para famílias em situação de vulnerabilidade.
Como funciona o Benefício de Prestação Continuada?
O BPC é um benefício assistencial financiado pelo Tesouro Nacional e classificado como despesa obrigatória no orçamento federal. Para ter direito ao benefício, o cidadão deve atender a requisitos específicos, como idade mínima de 65 anos para idosos ou comprovação de deficiência que cause impedimentos de longo prazo. Além disso, é necessário que a renda familiar per capita esteja dentro do limite estabelecido pela legislação.
O valor do BPC é equivalente a um salário mínimo vigente, o que garante atualização anual conforme os reajustes do piso nacional. O benefício não concede direito ao décimo terceiro salário e não deixa pensão por morte. O acesso ao BPC pode ser solicitado nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) ou pelo aplicativo Meu INSS, mediante apresentação de documentos e comprovação dos critérios exigidos.
Quais são as projeções para o BPC até 2060?
De acordo com estimativas do governo federal, o número de beneficiários do BPC deve crescer de forma significativa nas próximas décadas. A previsão é que, até 2060, cerca de 14,1 milhões de brasileiros sejam atendidos pelo programa, o que representará aproximadamente 6,7% da população nacional, segundo projeções do IBGE. Esse aumento é atribuído principalmente ao envelhecimento da população, ao crescimento demográfico e à persistência de fatores como pobreza extrema e informalidade no mercado de trabalho.
Os gastos com o BPC também devem acompanhar esse crescimento. Em 2026, a previsão é de que as despesas atinjam R$ 133 bilhões, sendo R$ 54,7 bilhões destinados a idosos e R$ 78,6 bilhões a pessoas com deficiência. Já em 2060, os valores projetados chegam a R$ 1,48 trilhão, com R$ 830,3 bilhões para idosos e R$ 655,7 bilhões para pessoas com deficiência. Esses números evidenciam o impacto fiscal crescente do benefício nas contas públicas.

Quais desafios o BPC representa para as contas públicas?
O crescimento do BPC traz desafios importantes para o equilíbrio fiscal do país. Por ser um benefício assistencial, sem exigência de contribuição prévia, ele é totalmente financiado pelo orçamento federal. O valor do benefício está vinculado ao salário mínimo, o que significa que reajustes acima da inflação ampliam o impacto fiscal. A legislação prevê que o piso nacional seja reajustado sempre acima do índice de preços, até um limite de 2,5% real, aumentando a pressão sobre as despesas obrigatórias.
Além disso, o aumento do número de beneficiários, impulsionado pelo envelhecimento populacional e por fatores estruturais de vulnerabilidade, exige planejamento e monitoramento constantes. O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou ao governo a realização de projeções de longo prazo para o BPC, visando aprimorar o planejamento orçamentário e garantir a sustentabilidade do programa.
Como o BPC pode ser solicitado e quais documentos são necessários?
Para solicitar o Benefício de Prestação Continuada, é necessário que o interessado esteja inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). O pedido pode ser feito presencialmente nos CRAS ou pelo portal Meu INSS. Entre os documentos exigidos estão:
- Documento de identificação com foto;
- CPF do requerente e dos membros da família;
- Comprovante de residência;
- Laudo médico, no caso de pessoas com deficiência;
- Comprovante de renda de todos os integrantes do grupo familiar.
Após a análise dos documentos e da situação socioeconômica, o benefício pode ser concedido caso todos os critérios sejam atendidos.
O Benefício de Prestação Continuada permanece como um mecanismo essencial de proteção social no Brasil, especialmente diante das mudanças demográficas e dos desafios econômicos previstos para as próximas décadas. O acompanhamento das projeções e o aprimoramento dos critérios de concessão são medidas importantes para garantir a continuidade e a sustentabilidade desse importante programa assistencial.