O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deve aprovou nesta quarta-feira (25), o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina e de biodiesel no diesel comum. A decisão representa um passo importante no cumprimento da Lei do Combustível do Futuro (14.993/24), sancionada em outubro de 2024, e deve gerar reflexos significativos para a economia e o meio ambiente.
A mistura de etanol na gasolina passará de 27% para 30%, com a introdução do E30, enquanto a mistura de biodiesel no diesel comum aumentará de 14% para 15%.
Impacto no preço dos combustíveis e na demanda por etanol
O Ministério de Minas e Energia (MME) estima que a adoção do E30 pode reduzir até R$ 0,13 por litro no preço da gasolina, proporcionando alívio para os consumidores. Além disso, a medida reduzirá a necessidade de importação de até 760 milhões de litros de gasolina por ano, o que representa uma economia significativa e impulsiona a demanda interna por etanol. O MME, em conjunto com o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), conduziu um estudo para garantir a viabilidade técnica da mudança, realizando testes que não apontaram danos potenciais para os veículos com a nova mistura.
O aumento da mistura do etanol também traz benefícios ambientais significativos. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), relator do projeto do Combustível do Futuro, destacou que a adoção do E30 pode reduzir em 1,7 milhão de toneladas a emissão anual de gases-estufa, uma conquista importante para o Brasil, que busca reduzir sua pegada de carbono.
Faca de dois gumes: aumentos nas misturas do etanol e do biodiesel e os efeitos no mercado
Segundo Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Energética (CBIE), a introdução de um maior percentual de etanol na gasolina e de biodiesel no diesel comum apresenta vantagens ambientais importantes, mas também desafios econômicos. Rodrigues destaca que, do ponto de vista técnico, a adoção dessas misturas é viável, especialmente com os avanços nas injeções eletrônicas dos veículos, que permitem o aumento da octanagem da gasolina e melhor aproveitamento do etanol.
No entanto, ele aponta que a questão central está na oferta de etanol e biodiesel no mercado, o que pode impactar diretamente o preço do combustível. “Quando você mistura um combustível renovável com o fóssil, há uma melhoria significativa na qualidade das emissões e, consequentemente, no ar das cidades, além de reduzir os gases de efeito estufa. Mas, por outro lado, a falta de oferta desses combustíveis renováveis pode fazer com que os preços subam, o que acaba sendo um desafio para os consumidores”, afirma Rodrigues, ressaltando a “faca de dois gumes” que caracteriza essa transição.