“Estamos vivendo uma revolução silenciosa no mercado financeiro brasileiro”, afirma Rafael Goulart, country manager da Pomelo, no mais recente episódio do BM&C New Deal. Em meio à digitalização crescente, novas regulações e o avanço do Open Finance, o sistema de pagamento no Brasil vive um momento de transformação profunda — com impacto direto na forma como consumidores e empresas lidam com crédito, parcelamento e serviços financeiros.
Evolução dos cartões e os novos formatos de pagamento
Durante a entrevista, Goulart destacou a importância de entender os diferentes tipos de cartões de crédito disponíveis no mercado, que influenciam diretamente a experiência de pagamento dos usuários. Segundo ele, há três categorias principais: private label, bandeirados e híbridos.
“O private label é uma excelente ferramenta para o varejo fidelizar o cliente. Já o cartão bandeirado continua sendo o preferido pela aceitação ampla no comércio físico e digital”, explicou. Os cartões híbridos, que unem características dos dois modelos, vêm ganhando adesão justamente pela versatilidade no momento do pagamento.
Limite aos juros e impacto no acesso ao pagamento via crédito
A regulação que busca limitar os juros abusivos foi outro tema relevante abordado por Goulart. Para ele, essa medida pode impulsionar a democratização do crédito e tornar os meios de pagamento mais acessíveis à população.
“O Brasil sempre teve um problema crônico com o custo do crédito. Essa regulação pode ser um divisor de águas para consumidores que antes eram penalizados por taxas excessivas”, afirmou. Ele acredita que a medida pode favorecer novos modelos financeiros mais inclusivos.
Open Finance: pagamento com mais liberdade e inovação
Na visão de Goulart, o Open Finance é um dos pilares centrais da modernização do sistema de pagamentos no país. A possibilidade de compartilhar dados bancários entre instituições está promovendo um ambiente mais competitivo, com foco na personalização de soluções financeiras.
“O Open Finance quebra barreiras históricas e permite que consumidores levem seus dados para onde quiserem, ampliando a competição e abrindo espaço para produtos mais personalizados”, disse o executivo, reforçando que essa abertura é fundamental para o futuro dos meios de pagamento.
Parcelamento: hábito brasileiro que molda o sistema de pagamento
Outro comportamento analisado por Goulart foi o uso frequente do parcelamento como forma de pagamento no Brasil. O executivo destacou que a prática vai além de um simples mecanismo de consumo.
“Parcelar é uma forma do brasileiro ter acesso ao consumo de forma planejada. Em muitos casos, é mais uma ferramenta de organização do que de endividamento”, analisou. Ele defende que qualquer solução inovadora de pagamento precisa considerar esse traço cultural.
O futuro dos pagamentos: blockchain, digitalização e inclusão
Encerrando a entrevista, Rafael Goulart falou sobre as tendências que devem definir os próximos anos no setor. Para ele, tecnologia e inclusão caminham juntas.
“O uso de blockchain para pagamentos, por exemplo, ainda está no começo, mas deve ganhar força. E, ao mesmo tempo, precisamos pensar em soluções acessíveis que considerem o Brasil real — fora dos grandes centros urbanos”, afirmou.
Ele conclui destacando que o sistema de pagamentos digitais precisa evoluir sem perder de vista a sustentabilidade e a equidade: “A digitalização continuará sendo uma das principais forças transformadoras”.