A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic pela sétima vez consecutiva gerou reações diversas entre especialistas do mercado. Agora em 15% ao ano, a maior taxa desde 2006, a medida reflete a tentativa do Banco Central de controlar a inflação, mas também levanta questionamentos sobre os impactos a curto e médio prazo, especialmente no cenário econômico e no mercado de crédito.
Thiago Aor, CFO do Banco Cora, comentou sobre as consequências diretas dessa alta para o setor de pequenos negócios: “Quando a Selic sobe, o crédito fica mais caro. Pegar um empréstimo ou antecipar um recebível, por exemplo, pesa ainda mais no bolso. E, infelizmente, os pequenos negócios são os que mais sofrem — porque têm menos acesso a boas condições de crédito e menos margem para erro.” Aor também destacou a retração do consumo, que afeta diretamente os empreendedores: “Uma Selic nesse nível esfria o consumo. As pessoas compram menos, os investimentos recuam, e isso impacta diretamente a receita de quem vive do comércio, dos serviços e da produção local.”
Para Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, a decisão foi “técnica e crucial”, mas a continuidade do ciclo de altas de juros depende de fatores como os indicadores econômicos e o compromisso do governo com as contas públicas. “O cenário externo também pode influenciar diretamente os próximos passos do BC. Se os Estados Unidos iniciarem um ciclo de afrouxamento monetário antes do previsto, isso pode antecipar uma mudança também por aqui”, explicou.
Por outro lado, Julio Cesar Barros, economista do Banco Daycoval, ressaltou o tom mais duro da decisão. “A afirmação de que ‘para segurar a convergência da inflação à meta exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado’ reforça que o ciclo de corte de juros está fora da mesa, e a expectativa é de que os cortes de juros só voltem a ocorrer em 2026”, analisou Barros.
Marcelo Bolzan, planejador financeiro CFP e sócio da The Hill Capital, também comentou a decisão, destacando a divisão que o mercado tinha quanto à manutenção ou aumento da Selic. “A decisão foi um tom bastante positivo. Eles já deixam uma sinalização de uma possível interrupção do processo de subida de juros. Para mim, está bem claro que é um fim de ciclo, e realmente a Selic deve continuar nesse patamar até o final deste ano”, afirmou.
Alta foi anunciada na Super Quarta
O comunicado oficial reforçou que, embora o cenário doméstico continue apresentando certo dinamismo, a inflação segue acima da meta estabelecida, exigindo uma política monetária contracionista por um período prolongado. O Copom indicou, ainda, que o ciclo de alta de juros pode ser interrompido para avaliar os efeitos acumulados dos ajustes realizados até o momento, deixando em aberto a possibilidade de novos aumentos, dependendo da evolução dos dados econômicos. O Comitê destacou que os riscos para a inflação continuam elevados e que a política monetária continuará a ser monitorada de perto, ajustando-se conforme necessário para garantir a convergência da inflação à meta. Essa sinalização, aliada à manutenção da Selic em um nível elevado, reafirma o compromisso do Banco Central em enfrentar as pressões inflacionárias no país.
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