Nos últimos anos, a combinação de um aumento significativo no número de satélites lançados e um pico de atividade solar intensa resultou em um fenômeno sem precedentes: a reentrada recorde de satélites na atmosfera terrestre. Este fenômeno foi amplamente estudado por Denny Oliveira, pesquisador do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA e da Universidade de Maryland. As descobertas foram divulgadas pelo site de notícias científicas New Scientist.
De acordo com Oliveira, o Sol passa por ciclos de atividade intensa a cada 11 anos, conhecidos como máximos solares. Durante esses períodos, as erupções solares se intensificam, desencadeando tempestades geomagnéticas. Essas tempestades são causadas pela interação das partículas solares, chamadas ejeções de massa coronal, com o campo magnético da Terra. Além de provocar auroras boreais intensas, essas tempestades também afetam sistemas de comunicação via rádio e aquecem a atmosfera, aumentando a resistência enfrentada pelos satélites em órbita.
Como as Tempestades Solares Afetam os Satélites?
As tempestades solares têm um impacto direto na vida útil dos satélites. Durante o máximo solar, a atmosfera terrestre se expande, aumentando a resistência que os satélites enfrentam em suas órbitas. Isso resulta em uma diminuição mais rápida da altitude dos satélites, levando a uma reentrada mais precoce na atmosfera. Oliveira destacou que, durante essas tempestades geomagnéticas, os satélites podem reentrar mais rapidamente do que o previsto.
O estudo revelou que, durante o máximo solar, a vida útil de um satélite pode ser drasticamente reduzida. Em vez de durar semanas ou meses, um satélite pode reentrar na atmosfera em questão de dias. Esse fenômeno foi particularmente evidente durante o máximo solar de 2024, que coincidiu com um aumento significativo no número de satélites lançados pela SpaceX.
Quais são os Desafios das Megaconstelações de Satélites?
A SpaceX, com sua megaconstelação de satélites Starlink, tem planos de manter até 30 mil satélites em órbita simultaneamente. Entre 2020 e 2024, 523 satélites Starlink foram rastreados reentrando na atmosfera terrestre. Durante eventos geomagnéticos severos, 37 satélites da SpaceX reentraram apenas cinco dias após o lançamento.
Essa rápida reentrada apresenta desafios e oportunidades. Por um lado, a remoção rápida de satélites inativos pode reduzir o risco de colisões no espaço. Por outro lado, limita a capacidade de operar satélites em órbitas muito baixas, abaixo de 400 quilômetros, onde a resistência atmosférica é mais significativa.
Qual é o Impacto Ambiental do Lixo Espacial?

O aumento na quantidade de satélites em órbita também levanta preocupações ambientais. Organizações científicas alertam para os impactos do lixo espacial resultante das megaconstelações de satélites de curta duração. Um estudo do Instituto Holandês de Radioastronomia (Astron) indica que a radiação e o brilho dos satélites em órbita dificultam a observação astronômica.
Além disso, a queima dos satélites na atmosfera libera partículas como o óxido de alumínio, que podem ter efeitos desconhecidos sobre o clima terrestre. Embora os benefícios de uma remoção rápida de satélites inativos sejam claros, os impactos ambientais a longo prazo ainda precisam ser compreendidos.
O Futuro das Operações Espaciais
À medida que a atividade solar continua a influenciar as operações espaciais, é essencial que a indústria e a comunidade científica trabalhem juntas para mitigar os impactos negativos. O desenvolvimento de tecnologias para prolongar a vida útil dos satélites e minimizar o lixo espacial será crucial para garantir a sustentabilidade das operações espaciais no futuro.
Com a expectativa de que satélites reentrem na atmosfera diariamente nos próximos anos, a necessidade de soluções inovadoras e sustentáveis se torna cada vez mais urgente. A colaboração internacional e a pesquisa contínua serão fundamentais para enfrentar os desafios impostos pelo máximo solar e pelas megaconstelações de satélites.